Kiko Zambianchi forma banda para músicos tocarem de verdade
Há quatro meses, duas vezes por semana, seis integrantes de uma banda, ainda sem nome, reúnem-se no Orra Meu Estúdios, em São Paulo, não apenas para acompanhar, mas sim para tocar com o compositor e cantor Kiko Zambianchi, 61.
No repertório dos ensaios, músicas do terceiro disco do artista, “Kiko Zambianchi” (1987), além de composições novas como “Viver a Vida”, que em breve será lançada pelo selo e editora de Zambianchi, a New House.
O Música em Letras esteve na última quarta-feira (13) em um ensaio da banda e, além de entrevistar seus integrantes, gravou com exclusividade para o blog um vídeo (veja no final do texto) no qual você pode ter ideia no que vai rolar no próximo domingo (17), no show de estreia do grupo com Kiko Zambianchi, que acontece em um palco montado na praça da Pira, na Candelária, no Rio de Janeiro. Para participar do evento, o público deve estar vacinado e fazer um exame 48 horas antes do evento, além de seguir uma série de protocolos. Para mais informações acesse https://bit.ly/39KW2FT.
Entre as músicas do show estão garantidas, “Você Perde”, “Alguém”, “Eu Te Amo Você” e, claro, “Primeiros Erros” e “Rolam as Pedras”.
A BANDA
Kiko Zambianchi ouviu os músicos que integram essa banda e ficou muito impressionado. “Durante a pandemia refleti bastante no sentido de o que vou deixar depois que eu morrer; decidi fazer um lance legal musicalmente, para deixar marcado mesmo. Além disso, nessa banda que formei ninguém é peão. Todo mundo tem opinião e é bem tratado, com a dignidade que o músico merece, diferentemente de outros artistas que nem olham na cara dos músicos de suas bandas. Aqui, além de fazermos muito som nos divertimos bastante e com respeito. Todo mundo é maestro. Não trato ninguém como empregado porque todos são meus amigos de verdade e isso ajuda muito no som. Eles falam que são meus fãs, mas eu é que sou fã deles, eles tocam muito. É só você colocar o nome desses caras no YouTube e ver que eles tocam muito e têm mais seguidores do que eu. É uma honra para mim ter músicos qualificadíssimos como eles. Nos ensaios, que rolam sempre de maneira prazerosa, rápida e sem conflitos, sinto que estou em um show vendo uns supermúsicos tocando. Dou espaço para todos tocarem porque isso faz o show, as músicas e a vida ficar melhor. É muito som.”
Conheça, a seguir, um pouco mais sobre os artistas que estreiam com Zambianchi no Rio de Janeiro neste domingo.
Vinicius Santos Chagas, 31, que nasceu em Barra do Piraí (RJ) é compositor e toca saxofone desde os 12 anos de idade, mas profissionalmente desde os 14. Na banda de Kiko Zambianchi toca saxofones tenor e soprano. “Toco bastante música instrumental baseada no jazz, não como estilo, mas como uma abordagem musical. Gosto de tocar de tudo [gêneros]. Comecei tocando na igreja evangélica Assembléia de Deus, depois fui tocar na banda da cidade antes de tocar em uma banda de dixieland. Passado um tempo, vim para São Paulo estudar na ULM [Universidade Livre de Música], que hoje é a EMESP [Escola de Música do Estado de São Paulo], conheci um monte de músico na noite, entre eles o Bocato [trombonista], que é meu padrinho musical, e aí as coisas foram acontecendo. Conheci o Kiko durante uma gravação que o Bocato nos chamou e ficamos mais próximos”, disse o músico que aprecia no som da banda a mistura do rock, soul e música negra, fugindo um pouco do rock tradicional.
Lucas Caldeira Gomes, 22, que nasceu em Caxias do Sul (RS), foi para Limeira no interior de São Paulo com três anos de idade e há um ano mora na capital. Lucas é arranjador, compositor e toca trompete profissionalmente desde 2013. O músico ataca em outras bandas, além desta que renova o trabalho de Kiko Zambianchi. “Tenho um trabalho com o saxofonista Vinicius Chagas, com o baixista de jazz fusion Junior Braguinha, e também com o baixista e compositor Michel Pipoquinha. Gosto do jazz como um jeito de tocar e busco colocar isso em outros sons. Nessa banda do Kiko há muita liberdade de expressão, por mais que tenha os arranjos, para tocarmos da nossa maneira e isso é muito importante. O Kiko respeita muito isso.”
Mateus Schanoski, 47, nasceu em Itu, interior de São Paulo, onde iniciou seus estudos musicais aos nove anos de idade, formando-se em piano erudito, antes de se formar em piano popular na ULM. “Tenho 30 anos de carreira, sou tecladista, pianista, compositor, arranjador e tenho trabalhos autorais. Toco bastante blues, rock e, além de tocar nessa banda do Kiko, sou sideman da banda Golpe de Estado. Eu já toquei em várias grupos de rock, conheço bastante a música do Kiko, mas com essa banda o som dele está bem diferente porque ele conseguiu misturar vários sons de músicos de rock e de jazz. Isso faz com que o som tenha uma pegada diferente e o show seja totalmente novo. Este é um desafio bem legal e o trabalho, muito divertido”
Glecio Santos do Nascimento, 39, nasceu em Santos, no litoral de São Paulo e veio para a capital em 2005. Contrabaixista há 21 anos, o santista alega que sua praia “é onde o coração mandar”. “Para mim só existem dois tipos de música: a boa e a ruim. A cada dia acordo querendo ouvir uma coisa diferente. Estudei música na faculdade, mas sempre toquei de tudo um pouco, rock, música nordestina, erudito e jazz. Meu gosto musical é um mosaico e nessa banda do Kiko me realizo porque tenho uma profunda admiração pelo professor que ele é. O Kiko é muito exigente e sabe muito bem o que quer musicalmente. Tocamos músicas que ouço desde pequeno e que marcaram época, mas com arranjos novos. Todos os arranjos são do Kiko e ele define muito bem o som que quer, embora esteja sempre aberto a sugestões. Tenho muito orgulho de tocar nessa banda.”
O guitarrista e cantor Marcello Schevano,41, toca guitarra desde os 13 anos. Já tocou na Patrulha do Espaço, com o Golpe de Estado, com o grupo Carro Bomba, Casch, Casa das Máquinas e O Som Nosso de Cada Dia. Atualmente é produtor musical no Orra Meu Estúdios, local onde acontecem os ensaios de Kiko Zambiamchi. Schevano tem em seu som influências da banda canadense Rush, dos grupos Emerson, Lake e Palmer e Yes, entre outros. “O legal dessa banda nova que toca com o Kiko é que tem pessoal do rock e do jazz, o que possibilitou ao Kiko resgatar um repertório muito legal que ele não tocava há muitos anos. Esse show vai surpreender muita gente porque está demais mesmo.”
Eduardo Souto Escalier, 40, toca bateria desde os 10 anos quando morava em Rio Grande (RS). “Já toquei em várias bandas, com estilos variados, passando pelo rock, blues, reggae, jazz, funk e pop. Gosto de tocar de tudo um pouco e nessa banda nova do Kiko, por ter uma galera que vem de vários estilos, acabamos por fazer um som único. Eu gosto bastante de tocar com eles, é ótimo”, disse o músico que há sete anos acompanha Kiko Zambianchi.
O tarimbado e premiado Cesar Pivetti, 44, é como um integrante da banda, pois acompanha os ensaios para criar a luz perfeita do espetáculo. Pivetti aprendeu seu ofício “na raça” e desde 1992 trabalha como iluminador. “Acompanho os ensaios para desenhar a luz para cada música da melhor maneira possível. Não é porque o show é de pop rock que, como muitos pensam, é só piscar a luz. Eu não entrego luz piscando, entrego foto, dramaturgia, luz cênica. Essa é minha proposta para esse trabalho, uma luz elegante igual a ele.”
Assista, a seguir, ao vídeo no qual é mostrado, com exclusividade para Música em Letras, um trecho do ensaio de Kiko Zambianchi e sua nova banda formada por quem é do ramo da arte de amealhar os sons.