Maestro Marinho Boffa mostra que é do ramo e já faz tempo

Há muito que o maestro, compositor, arranjador e pianista Mário Boffa Junior, o Marinho Boffa, 61, é um dos melhores músicos brasileiros. Prova disso está na sólida carreira de 42 anos que o músico amealha, além do conteúdo musical dos álbuns “Ponte Aérea” (1986) e “Marinho Boffa Trio e Orquestra”, este gravado no Chile em 1988, que agora ganham espaço nas plataformas digitais.

Para não perder o costume de ser bom no que faz -música de alta qualidade-, Marinho Boffa está preparando dois novos discos, um com orquestra e outro com octeto.

O Música em Letras entrevistou o maestro abordando seus discos, carreira, e outras informações sobre esse talentoso artista.

Leia, a seguir, a entrevista que o maestro Marinho Boffa concedeu com exclusividade para o Música em Letras.

Como você tem enfrentado o período da pandemia com relação ao trabalho?

Além do trabalho de “campo” (concertos, viagens, gravações etc), eu sempre trabalhei muito sozinho escrevendo arranjos para orquestras, produzindo discos, fazendo pré-produção e compondo. Isso me permitiu continuar com parte do meu trabalho, mantendo minha mente bastante ocupada.

Qual a maior característica que o álbum “Ponte Aérea” traz em sua identidade sonora?

O “Ponte Aérea” foi gravado no ano de 1986, no Rio de Janeiro, e traz algumas coisas muito interessantes. A primeira e mais importante é o fato de ser meu primeiro disco gravado, ainda no formato LP. A segunda é o frescor das composições de um jovem de 24/25 anos de idade. A terceira foi a sorte de reunir músicos incríveis para este projeto, inclusive com a participação mais que especial de Luiz Eça, um dos meus mestres. A quarta foi gravar todo o disco num formato digital, ao vivo, com todos tocando “live”. Pude contar com uma orquestra que eu paguei porque vendi os meus teclados. Foi uma produção independente e quando o Carlão, o Carlos de Andrade, ouviu e viu o que estava acontecendo, decidiu editar e lançar o LP pela Visom.

Capa do disco ‘Ponte Aérea’ (Foto: Divulgação)

E qual a maior característica do álbum “Marinho Boffa Trio e Orquestra”?

Esse disco foi gravado na cidade de Santiago do Chile no ano de 1998. A principal característica deste álbum é a orquestra. Todo o trabalho foi dedicado a esta formação por ser minha favorita até hoje. Foi a realização de um sonho.

Capa do disco ‘Marinho Boffa- Trio e Orquestra’ (Foto: Divulgação)

O que o levou a lançá-los nas plataformas digitais?

Na verdade, foi um presente que ganhei do querido Carlão da Visom Digital. Temos um respeito e um carinho muito grande um pelo outro.

Qual a melhor maneira e o melhor meio de divulgar a música instrumental na atualidade?

Nas mídias digitais com certeza, mas os meios mais importantes, na minha opinião, ainda são os shows e a mídia escrita.

Cite três músicas de cada disco descrevendo-as, assim como os seus arranjos, citando trechos nos quais o ouvinte deve prestar atenção?

Do “Ponte Aérea”, eu chamo a atenção para a “Balada pra Luiz Eça”, que tem um arranjo para cordas e trompas muito bonito. Esta [versão] foi regida pelo próprio Luiz Eça. “Na Barra”, uma composição minha e do Pixinga, além das cordas regidas por mim, tem um solo de flauta em sol primoroso, de Paul Lieberman. E a música “Ponte Aérea”, que foi minha primeira música composta no Rio de Janeiro e que retrata muito bem a maneira de se tocar daquela época.

Do “Trio e Orquestra”, eu destaco a “Abertura Brasileira N. 1” pela complexidade orquestral, principalmente no fim da peça. A música “The Dolphin” é uma composição de Luiz Eça, que tem uma introdução muito contemplativa, faz uma citação do próprio tema. Por último, cito “Qui nem Jiló”, de Luiz Gonzaga, pela orquestração e pela execução primorosa da orquestra. Todas as regências são minhas.

O que as pessoas devem ter em mente quando ouvirem esses dois álbuns?

A qualidade dos músicos envolvidos, as interpretações, a qualidade técnica da gravação nos dois projetos e, principalmente, as pessoas devem escutar com seus corações. São trabalhos feitos com muito amor dedicados 100% aos ouvintes.

Há algum novo disco seu a caminho?

Sim. Além do “Sunset Dream” lançado em 2019 e que ainda, por conta da pandemia, não pude trabalhar, estou preparando dois projetos novos. Um deles com grande orquestra e outro com octeto.

Caso queira conhecer mais sobre Marinho Boffa e assistir ao artista tocando com exclusividade para o Música em Letras, confira em https://musicaemletras.blogfolha.uol.com.br/2019/07/18/marinho-boffa-lanca-o-cd-sunset-dream-em-show-em-sao-paulo/.