Grupo Pó de Café lança ‘Interior’, disco com participação da cantora Maria Rita

Formado por Rubinho Antunes (trumpete), Marcelo Toledo (sax), Murilo Barbosa (piano), Bruno Barbosa (baixo), Duda Lazarini (bateria) e Neto Braz (percussão), o grupo instrumental ribeirão-pretano Pó de Café lança, nesta sexta-feira (2), nas plataformas digitais, o disco “Interior”, com um show online, às 21h, que será transmitido, ao vivo, pelo canal do YouTube do grupo: http://youtube.com/podecafe.

Esta é a primeira vez que o grupo, com quatro discos lançados em 12 anos de carreira, insere uma canção com letra em seus discos: “Tantas Mães”. A música, uma parceria entre o trompetista Rubinho Antunes e o poeta e produtor Eduardo Brechó, ganhou a interpretação da cantora Maria Rita para abrilhantar mais ainda as outras oito composições instrumentais que completam o disco.

“Tantas Mães” é uma balada com referências ao feminino e ao universo cultural afro, desde os ritmos e toques que a acompanham até sua letra, que enaltece o acolhimento materno da deusa das águas Iemanjá. “Fiz a referência a Abeokuta, cidade natal de Iemanjá, saudando a mãe de todos os peixes, como uma homenagem à maternidade em geral”, conta Brechó, que também divide o crédito de arranjador da música com Rubinho.

A cantora Maria Rita (Foto: Divulgação)

A temática de “Tantas Mães” agradou Maria Rita, que também gostou do arranjo e aceitou o convite de gravá-la com o grupo. “Quando o Brechó me mostrou a música, me arrebatou pela mensagem, pela poesia, pela melodia desafiadora.” Maria Rita participou do processo criativo também, ouvindo a canção desde o nascimento, ao violão, a escrita da letra, até a decisão do tom e do formato da canção, já em estúdio. “Isso gerou um carinho de minha parte pela música. Foi como se eu a tivesse gerado, de certa forma. Por isso ela é maior do que se poderia explicar racionalmente, e eu entendo que o caminho da música é este: ‘Música’ com ‘M’ maiúsculo, neste caso em especial”, disse a cantora.

“Interior” combina sonoridades elétricas do piano Fender Rhodes e do baixo elétrico com a organicidade dos grooves da bateria e da percussão. Os instrumentos de sopro têm um leve acabamento com pedais de efeitos, assim como alguns toques de synths, que foram adicionados numa pós-produção enxuta e limpa.

Leia, a seguir, a descrição de cada música de “Interior”.

Capa do disco ‘Interior’ (Foto: Divulgação)

1- “Jaraguá”, de Bruno Barbosa, é um groove afro, escrito no compasso ímpar de 7/4. À linha de baixo se somam a percussão, o teclado e logo os metais anunciam o tema, como um cortejo de abertura. O caráter vibrante da música foi reforçado com a adição de um efeito durante o solo de trompete.

2- “Lockdown”, de Bruno Barbosa, traduz o momento mundialmente turbulento da pandemia, um funk que alterna compassos quebrados, em 7/4, com uma melodia solitária e longínqua. A harmonia modal aumenta a tensão até os improvisos finais.

3- “Tantas Mães”, composição e arranjo de Eduardo Brechó e Rubinho Antunes, conta com a participação especial de Maria Rita nos vocais. As referências a Iemanjá estão na letra e no acompanhamento percussivo.

4- “Edifício Levy”, de Rubinho Antunes , é baseada em um ciclo harmônico de oito compassos, que se apresenta em forma dobrada e desdobrada, numa referência à expansão e retração do espaço.

5- “Segunda Onda”, de Bruno Barbosa, espécie de balada pós-apocalíptica que, começa quase imperceptível, mas se adensa de forma progressiva, tal como a pandemia, que se desenrola em ondas.

6- “Morredouro”, samba de Murilo Barbosa que começa como uma marcha fúnebre e termina como um grito de socorro em memória pelas 270 vítimas fatais da tragédia da barragem rompida de Brumadinho (MG), em 2017.

7- “Novas velhas ideias”, composição modal de Rubinho Antunes, que começa de modo atonal e evolui de forma circular, três escalas se alternando em camadas rítmicas que nunca se encontram; novas ideias que se confundem com velhas memórias que estão perdidas e voltam.

8- “Na medida do possível”, de Bruno Barbosa, traz de volta alguma alegria, “na medida do possível”, no contexto da pandemia, um funk que lembra o melhor da soul music dos anos 70.

9- “Cinco mil tribos”, de Murilo Barbosa, lembra um afrobeat, integrando o samba cabula e o congo (ritmos afro-brasileiros), em referência à diversidade de culturas e musicalidades de todos os povos originários do mundo, que formariam em torno de 5 mil tribos.

Grupo Pó de Café (Foto: Divulgação)