Toninho Nascimento, o desconhecido mais conhecido do samba

A extensa e sólida obra do genial compositor paraense, há muito radicado no Rio de Janeiro, Toninho Nascimento, será abordada durante uma semana-a partir do próximo domingo (21) até o dia 28 de março-, sempre às 21h, na web série “De Areia”, transmitida gratuitamente pelo canal do YouTube Coletivo Sindicato do Samba http://www.youtube.com/c/coletivosindicatodosamba.

Com mais de 400 composições, algumas gravadas pelo lorde Paulinho da Viola, pela rainha Maria Bethânia, pela “Divina” Elizeth Cardoso (1920-1990) e pela voz timbrada de Roberto Ribeiro (1940-1996), finalmente chega ao público uma maneira de conhecer melhor esse compositor ilustremente desconhecido,  autor de inúmeras músicas superconhecidas.

Antônio Carlos Nascimento Pinto, o Toninho Nascimento, 74, é o autor de, entre outras, “Conto de Areia” e “Deusa dos Orixás”, as duas em parceria com Romildo (1941-1990) e imortalizadas por Clara Nunes (1942-1983), ambas registradas na série “De Areia”.

Toninho relata nessa série várias histórias curiosas sobre suas composições, além de interpretá-las acompanhado só por músicos do ramo, entre eles, Fernando Matosso, no violão de 7 cordas.

O compositor Toninho Nascimento (Foto: Divulgação/Felipe Molina)

Entre as histórias, consta uma bem curiosa sobre “Conto de Areia”. Romildo trocou a palavra “lua”, escrita por Toninho, pela palavra “água”. De tanto Romildo cantar usando a palavra água, pois se esquecia que o parceiro havia escrito lua, Toninho se rendeu à mudança dizendo: “Tá legal, Romildo, canta do jeito que você quiser”. Após muito tempo, Toninho percebeu que a palavra água era muito mais musical que lua. “Se você cantar, ‘É lua no mar…’ você fecha a melodia, mas se cantar ‘É água no mar…’ você abre a melodia”, explica Toninho que permaneceu cerca de dez anos sem falar com o parceiro por conta da troca, posteriormente muito bem-vinda.

A série reúne ainda depoimentos de mais artistas, entre eles a cantora baiana Mariene de Castro, o supercavaquinista, violonista e compositor Alceu Maia, além do compositor, cantor e instrumentista Osvaldo Alves Pereira, 88, o Noca da Portela, também parceiro de Toninho Nascimento em vários sambas, como “Mar do Maranhão” e “Primeiras Sementes”, este  gravado pelo grupo Fundo de Quintal.

Neto de índio, escravo, português e italiano,  filho do entregador de pães Antônio Augusto e de Osmarina, dona de casa, Toninho Nascimento é o mais velho entre três irmãos. Nasceu em Belém do Pará e chegou ao Rio ainda garoto, com a família, e foram morar no bairro da Saúde, zona central da cidade.

Essa é uma excelente oportunidade de conhecer-da segurança de sua casa-mais sobre a poesia contida não só na obra, mas na vida do excelente compositor e letrista. Pois como reza o ditado: “É pelas obras, e não pelo vestido, que fica o homem conhecido”.