Resgatado no Sebo-‘Figuras e coisas do Carnaval carioca’, de Jota Efegê.
Neste post da série Resgatado no Sebo, com o registro de itens relacionados à música garimpados em sebos, o destaque vai para o livro: “Figuras e coisas do Carnaval carioca’, (1982) do cronista, jornalista, musicólogo, pesquisador e escritor carioca Jota Efegê (1902-1987).
João Ferreira Gomes, o Jota Efegê sabia tudo do Rio de Janeiro em termos de manifestações culturais, sendo o Carnaval sua “queridinha”, e o universo do samba, seu elemento.
O autor escreveu “O Cabrocha” (1931); “Ameno Resedá, o rancho que foi escola” (1965); “Maxixe-a dança excomungada” (1974); “Figuras e coisas da música popular brasileira (1978 e 1980); “Figuras e coisas do Carnaval carioca” (1982) e “Meninos, eu vi” (1985).
Repleto de informações importantes, “Figuras e coisas do Carnaval carioca” traz uma compilação de crônicas publicadas em jornais como, O Globo, Correio da Manhã, Diário Carioca, Jornal do Brasil e O Jornal.
Entre as 145 crônicas presentes nas 326 páginas do livro, também consta o poema “Carnaval”, além de várias fotos em preto e branco de mestres do samba, blocos, foliões, e cenas do Carnaval carioca. O livro entretém, informa e retrata épocas e ritmos além do samba e da marchinha, ambos equivocadamente tidos como os únicos gêneros que eram tocados durante a festa.
Na crônica intitulada “Carnaval não vive somente de sambas e marchinhas, também já viveu de valsas”, cita valsas como “Pierrô e colombina”, de Oscar José de Almeida (1895-1942), que em 1915 teve sua primeira audição pública realizada numa “batalha de confete”, antes de virar sucesso do Carnaval daquele ano. Oscar José de Almeida era carteiro e tem seu grande talento de “conceber melodias e letras tão bonitas quanto empolgantes” descrito em outra crônica por Efegê, “O carteiro Oscar José de Almeida era o ‘incomparável poeta carnavalesco’”.
Outra crônica interessante é : “O medo da epidemia fez o governo adiar o carnaval carioca”.Nela, o pesquisador Jota Efegê descreve quando o Carnaval de 1892 teve sua data alterada por conta das epidemias e doenças-entre elas a varíola e a febre amarela-, que assolavam a cidade do Rio de Janeiro naquele ano.
Consta que o intendente França Leite, na sessão da Intendência Municipal propôs a seus pares a mudança das datas da festa, e deles teve apoio. “Atendendo que, nesta cidade, a época do Carnaval é no rigor da estação calmosa, e quando as epidemias maior número de vidas arrebatam, proponho (e aqui deve ter sido dado o tom de grifo) que sejam designados os dias 26, 27 e 28 de junho, entre os dias de S. João e S. Pedro”. A proposta teve aceitação plena e subiu à sansão do ministro do Interior para ser cumprida.
Contudo, parece que a festa aconteceu duas vezes, pois o povo comemorou na data tradicional e na nova data proposta. Isso ocorreu também em 1912, ou seja, proibiu-se o Carnaval, mas ele acabou por acontecer em duas datas.
A obra traz muito mais informações preciosas, repletas de conteúdos que talvez ficassem perdidos, não fosse o registro de mais um livro resgatado no sebo pelo Música em Letras por R$ 20.
FIGURAS E COISAS DO CARNAVAL CARIOCA
AUTOR Jota Efegê
EDITORA Funarte
QUANTO R$ 20 (326 páginas)
ANO 1982