Zuza Homem de Mello e o jazz não morreram

Diz um ditado popular: “aqueles que sabem muito admiram pouco; e os que sabem pouco, admiram muito”. O pesquisador, músico, crítico, produtor, escritor, diretor e jornalista musical Zuza Homem de Mello, que morreu neste domingo (4), aos 87 anos, de um infarto, em seu apartamento em São Paulo, sabia muito, mas se comportava como quem soubesse pouco.

Sua admiração pela música de qualidade e sua história eram enormes, assim como pela produção relevante de artistas ligados à arte de amealhar os sons.

Algumas vezes tive o prazer de conversar, rir, aprender, além de trabalhar com ele e entrevistá-lo. A última entrevista que concedeu a mim, veiculada na Ilustrada, pode ser acessada emhttps://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/12/1945571-zuza-homem-de-mello-analisa-reflexos-do-samba-cancao-na-mpb-em-livro.shtml. E, neste blog, em https://musicaemletras.blogfolha.uol.com.br/2018/11/29/zuza-homem-de-jazz-o-filme-estreia-em-sao-paulo/.

Homem educado, didático, simples e elegante, Zuza sabia o que dizia e era muito trabalhador. Sim, trabalhador. Morreu realizando e sugerindo projetos, acreditando que veicular a música de qualidade era sua maior missão. A menor? Não se importar com as que não continham qualidade, pois segundo ele: “Daqui a um tempo elas deixam de existir”.

Missões cumpridas. Obrigado Zuza! Ah, se você encontrar com o Ray Brown (1926-2002), com quem teve aulas de contrabaixo, diz para ele que um admirador seu, aqui da terra do compasso dois por quatro, como você, o admira muito tocando quatro por quatro. E, por favor, lembre-o também, por conta do legado deixado, que nem você e nem o jazz morreram. Apenas atenderam à lei da impermanência e se modificaram.