Dois lançamentos nesta sexta-feira (18) trazem música de qualidade
Dois discos, muito bons, são lançados nesta sexta-feira (18): “Samba Doce”, de Jorge Helder, e “Amazonon”, de Juliano Abramovay.
SAMBA DOCE
“Samba Doce” é primeiro álbum autoral, em 40 anos de carreira, do contrabaixista Jorge Helder. O disco, com pegada de samba-jazz, contou com participações superespeciais. Entre elas, Chico Buarque, Dori Caymmi, Rosa Passos, Stefano Bollani, Renato Braz, além do Boca Livre e das cordas da orquestra Filarmônica de São Petersburgo.
Um texto de Caetano Veloso assevera que o disco é o que é, ou seja, excelente. Segundo as palavras certeiras de Caetano: “Refina a tradição de música instrumental e traz a canção para dentro dela como ninguém”.
Radicado no Rio de Janeiro há 34 anos, Jorge Helder nasceu em Fortaleza, no Ceará, mas tem uma musicalidade universal. Musicalidade esta que o fez gravar mais de 350 discos com gente do ramo, como Joyce Moreno, Rosa Passos, Gal Costa, Maria Bethânia, Elza Soares, além de Ney Matogrosso e João Bosco, entre outros.
O disco “Samba Doce” começou a ser gravado em 2013, acabando por reunir 40 excelentes artistas em dez faixas, todas compostas por Jorge Helder, sendo metade delas em parceria com Chico Buarque, Aldir Blanc (1946-2020) e Rosa Passos. “Eu quis convidar vários músicos com os quais trabalhei e aprendi ao longo da carreira. Cada faixa tem uma formação diferente, pensando no estilo musical de cada um, abarcando diferentes sensibilidades”, disse o contrabaixista e compositor.
Entre as faixas, “Bolero Blues”, de Jorge Helder e Chico Buarque, composta em 2006, é registrada por um time de craques: Luiz Cláudio Ramos (arranjo de cordas), Chico Buarque (voz), João Rebouças (piano), Jorge Helder (contrabaixo), Jurim Moreira (bateria), além da orquestra de Cordas de São Petersburgo. Um primor.
Outra composição da dupla Jorge Helder e Chico Burque, “Rubato”, é sublimemente interpretada pelo cantor Renato Braz (voz), com Bruno Cardozo (piano), Marcus Teixeira (violão), Jorge Helder (baixo elétrico) e Edu Ribeiro (bateria). Sensacional.
“Inocente Blues”, de Jorge Helder e Rosa Passos, é um blues abrasileirado que conta com uma turma forte no registro: Jessé Sadoc (arranjo de sopros), Rosa Passos (voz), Antonio Adolfo (piano), Lula Galvão (guitarra) e orquestra Atlântica, formada por Marcelo Martins (sax tenor), Danilo Sina (sax alto), Levi Chaves (sax barítono), Jessé Sadoc e Gesiel Nascimento (trompetes), Bebeto Germano e Elias Correa (trombones), Jorge Helder (contrabaixo) e Williams Mello (bateria). Fantástico.
“Dorivá”, de Jorge Helder e Aldir Blanc, traz na letra uma homenagem a Dorival Caymmi (1914-2008), cantada por seu filho Dori Caymmi com acompanhamento de mais gente do ramo: Mario Adnet (arranjo de cordas), João Carlos Coutinho (piano), Pedro Franco (violão), Jorge Helder (baixo elétrico), Marcelo Costa (percussão) e a orquestra de Cordas de São Petersburgo. Emocionante.
O lançamento do álbum “Samba Doce”, acontece pelo Sesc Digital em https://sesc.digital/colecao/50998/samba-doce . A partir do dia 23 de setembro estará também nas plataformas de streaming.
AMAZONON
“Amazonon”, disco de Juliano Abramovay, é o primeiro trabalho solo do músico, que foi fundador da festiva, dançante e bem humorada banda Grand Bazaar, com influências de música cigana. O músico também fez parte da banda de Luiza Lian.
Em “Amazonon”, Juliano Abramovay constrói pontes entre a música brasileira e tradições do leste do Mediterrâneo, em particular da Grécia e da Turquia, por meio de sonoridades que o músico estudou durante seis anos, antes de registrá-las tocando violão, alaúde e violão sem traste.
Acompanhando o músico, três feras: Ricardo Zoyo (contrabaixo), João Fideles (bateria) e a musicista grega Chrysanthi Gkika, que toca lira ou kemenche, uma espécie de violino.
“Para nós brasileiros, a primeira imagem que vem à cabeça quando nos deparamos com a palavra ‘Amazonas’ é a selva amazônica. Na Grécia, por outro lado, a primeira ligação é com o mito grego das amazonas, uma tribo de mulheres guerreiras. E a conexão entre esses dois nomes se deve ao fato de um invasor espanhol ter sido atacado por uma tribo de mulheres guerreiras no Brasil, ter se lembrado da mitologia grega, e este nome ter ficado. São conexões curiosas, quase acasos, que acontecem e que se solidificam nas identidades. Isso me interessa como músico: ir atrás dessas pontes imaginárias”, disse o artista e professor, que vive na Holanda, onde leciona no Codarts, conservatório de Roterdã.
Entre as faixas do disco, “Karcigar Pesrev”, “Ussak Saz Semai” e “Aparani Par”, composições tradicionais da Turquia e Armênia, rearranjadas pelo grupo. “Aparani Par”, bastante presente em danças circulares (ou danças de roda). É uma peça tradicional armênia, que utiliza a combinação de ritmos regulares com ritmos irregulares. “Ussak Saz Semai” tem no arranjo elementos rítmicos brasileiros inseridos pelos músicos. “Karcigar Pesrev”, segundo o artista, a palavra “pesrev” é muitas vezes traduzida como prelúdio; são peças que introduzem o modo que será apresentado durante as cerimônias. “O modo em questão, ‘karcigar’, também é visto com frequência na música da região. O turco Salih Dede, que viveu entre os séculos 18 e 19, é o compositor dessa peça. Essas músicas usam um sistema de afinação diferente do ocidental e ritmos irregulares, que são pouco comuns no Brasil, como o 9/8, 10/8”, explicou Abramovay.
Nesta sexta-feira (18), às 17h, para comemorar o lançamento do álbum, Juliano Abramovay realizará uma live em seu Instagram, http://@julianoabramovay com todos os artistas que fizeram parte do disco“Amazonon”: Chrysanthi Gkika (lira), Ricardo Zoyo (contrabaixo), João Fidelis (bateria), Celio Barros (mix e master), Maria Cau Levy (arte), Gabriel Levy (composição “Modinha”), Eduardo Lemos (selo) e Otávio Carvalho (selo).
O álbum chega às plataformas digitais pelo selo Pequeno Imprevisto.