Arismar do Espírito Santo revisita ‘Roda Gingante’ em live

Na tentativa de fugir do óbvio, o multi-instrumentista Arismar do Espírito Santo, 63, faz nesta sexta feira (10), às 19h, uma live apresentando seu 11º álbum, “Roda Gingante” (2016), tocando apenas um baixo acústico, ao invés do violão de sete cordas e guitarra, instrumentos usados originalmente na gravação da bolachinha. “Vou deixar o disco rolando e tocar o baixo junto com o som do CD, bem baixinho, saindo de uma caixinha”, disse em entrevista ao blog o baixista, que sempre tocou baixo acústico, mas agora o retoma com mais afinco.

O que o levou a se distanciar do baixo acústico? “Nunca me distanciei dele. A moldura da minha música é o baixo acústico. O som desse instrumento está na minha aura. Quando eu tocava bateria na Baiúca, há mil anos, o baixo ficava muito próximo e aquele som se interiorizou em mim. O som do baixo acústico sempre me acompanhou e está presente em todas a músicas que faço, mesmo usando outros instrumentos.”

Arismar do Espírito Santo (Foto: Divulgação/Eni Cunha)

Quais as dificuldades técnicas que está enfrentando nesse retorno ao instrumento? “Com toda humildade, a técnica voltou rápido. Todos os dias, tiro o instrumento da capa, toco uma música mentalmente, mas com ele na mão. Depois, saio tocando de verdade e o resultado após uma meia hora começa a ficar bom. Tenho tocado todo dia e é claro que isso ajuda muito, né? Tem que tocar.”

O disco, com 13 faixas autorais, conta com músicos excelentes: Leonardo Amuedo (guitarra), Gabriel Grossi (harmônica) e Bebê Kramer (acordeon), além da participação do filho de Arismar, Thiago Espírito Santo (contrabaixo), na faixa “Thiagueiro”.

Capa do CD ‘Roda Gingante’, de Arismar do Espírito Santo (Fotomontagem: Carlos Bozzo Junior/Folhapress)

Nessa ação de inserir o som do baixo acústico concomitantemente ao som do CD, duas faixas devem ser ouvidas com mais atenção, “Coração de Batera” e “Amorosa”, por quê? “Na primeira música [Coração de Batera], que é um tema meio rápido, tem uma levada que incorporei há mil anos, quando fui ‘jaqueiro’ de baixo elétrico. Tinha uma coisa de tocar baixo acústico, nos anos 1980, igual aos movimentos do Tai Chi, bem devagar, roncando e tirando o som. Depois, quando você tocava a música no andamento real dela, o instrumento soava com todas aquelas notas que você tocou antes devagar. Não existe rápido e lento, existe o som do contrabaixo. No ‘Amorosa’, que é um tema lento e calmo, dá para abrir vozes, fazer acordes, roncar e mostrar a onda do grave que há nesse instrumento e o meu som, a minha música em cima desse grave”, falou o músico que usa um instrumento alemão, com cerca de 125 anos.

Durante a live, que acontece no instagram arismar1i, o músico irá falar sobre novas apresentações ao vivo que deve realizar abordando outros temas. Ao utilizar a rede social com esse tipo de ação, Arismar detectou haver um nicho a ser preenchido com aulas e dicas sobre outros instrumentos, arranjos, composições e técnicas musicais.

Em meio a tanta egolatria sendo veiculada por meio de lives oportunistas, esta certamente destoará das demais mostrando a alma de um músico que se funde a um instrumento de maneira única, artística e “na vera”.