Clube do Balanço lança o CD ‘Balanço na Quebrada’ em shows em São Paulo

O Clube do Balanço, grupo musical que há 20 anos faz milhares de corpos dançarem irresistivelmente ao som de seu característico suingue, lança o quinto CD da banda, “Balanço na Quebrada”, em dois shows –nexta sexta-feira (7) e sábado- na comedoria do Sesc Pompeia, em São Paulo.

O Músico em Letras esteve em um ensaio do grupo na manhã da última segunda-feira (3), no estúdio do Espaço Rio Verde, na Vila Madalena, entrevistou e gravou com exclusividade para o blog um vídeo no qual a banda interpretou “Samba du Bom”, de Marco Mattoli e Janaina Pereira (veja vídeo no final do texto), além de realizar um faixa a faixa do novo disco com os integrantes da banda.

Da esquerda para a direita, Reginaldo 16 Toneladas, Tiquinho, Tereza Gama, Marco Mattoli e Marcelo Maita (Foto: Carlos Bozzo Junior/Folhapress)

Entre os músicos que formam o Clube do Balanço figuram Marco Mattoli (voz e guitarra); Tereza Gama (voz); Edu “Peixe” Salmaso (bateria); Leonardo “Gringo” Pirrongelli (contrabaixo); Tiquinho (trombone); Fred Prince (percussão); Marcelo Maita (piano elétrico); Reginaldo “16 Toneladas” Gomes (trompete). Participam especialmente do show Dino Oliveira (percussão), além do casal formado por Dona Rose e Ataliba, que prometem gastar o piso do palco onde o som acontece com elegantes passos de dança.

O pianista Marcelo Maita e o percussionista Dino Oliveira (Foto: Carlos Bozzo Junior/Folhapress)

O segredo do grupo para se manter junto, após 20 anos, segundo o espirituoso Marcelo Maita, é “não andar armado”, disse provocando risadas em todos.

O conceito do disco está ligado ao que conecta o público fiel ao grupo durante todos esses anos, ou seja, a disposição para dançar, além da forte conexão que a banda tem com a cultura periférica da cidade de São Paulo. “O samba-rock é uma cultura periférica. Então a gente buscou isso. Apesar de termos trazido o samba-rock para a Vila Madalena, por exemplo, fizemos também o caminho inverso, nos reconectando com a quebrada.”

O contrabaixista Gringo (Foto: Carlos Bozzo Junior/Folhapress)

Segundo o baixista, compositor, arranjador e produtor uruguaio Gringo Pirrongelli, todas as músicas do disco são de pista. “São samba-rocks, mas tem a hora do passinho, do floreado e sambas mais puxados para o jazz, ou para o próprio samba.”

O paulistano Marco Mattoli, 55, guitarrista, cantor, arranjador, produtor e um dos compositores das músicas interpretadas pela banda, completou a fala de Gringo: “O samba-rock é [parte de] uma cultura antropofágica. Não gosto muito dessa palavra, mas ele traz uma cultura que assimila diversos estilos musicais, e o grupo acaba brincando com essas diversas facetas;  tem um lado que é mais norte-americano, outro vai mais para o samba, outro que vai mais para o samba-jazz e outro que vai mais para a black music. E, claro, tem um pouco de nossa leitura disso tudo também”.

O compositor, guitarrista e cantor Marco Mattoli (Foto: Carlos Bozzo Junior/Folhapress)

Mattoli é quem descreve as oito faixas do novo disco. Como é de praxe, o grupo grava sempre duas delas, instrumentais, a que abre e a que fecha o CD, que será vendido no show por R$ 10.

Capa do CD ‘Balanço na Quebrada’ (Foto: Carlos Bozzo Junior/Folhapress)

FAIXA A FAIXA DO CD “BALANÇO NA QUEBRADA”

1- “Domingo na Paulista”, de Gringo Pirrongelli

“Há um projeto que acontece aos domingos, quando a avenida Paulista fecha, que reúne mais de 400 casais dançando samba-rock; o Gringo [contrabaixista e compositor da música] mora ali perto. Eu sinto que o momento dessa música é idílico, retrata um instante de ocupação humana em um dos símbolos da grande desumanidade da cidade de São Paulo, que é a rua do grande capital, das grandes empresas, onde só carros falam. De repente tem esse momento mágico que vira um parque humano, cheio de gente e famílias, com esse samba-rock invadindo o local.”

2- “Quinze pras Sete na Vila”, de Marco Mattoli e Janaina Pereira

“Aqui falamos de outro lugar de São Paulo, que é a Vila Madalena, que tem essa coisa de você virar a noite na boemia da vila e presenciar as pessoas indo trabalhar enquanto você ainda está acordado, inspirado, ainda conectado com a noite. A música tem essa conotação e fala de impossibilidades.”

3- “Samba du Bom”, de de Marco Mattoli e Janaina Pereira

“Essa minha parceria com a Janaina mostra uma brincadeira que fizemos com aquela coisa da pilantragem do Simonal [Wilson Simonal, cantor e compositor, 1938-2000] e da coisa glamorosa que tinha na música brasileira nas décadas de 60 e 70.”

4- “Aeromoça”, de Marco Mattoli

“ Essa é a continuação de uma música muito importante do Clube do Balanço, chamada ‘Aeroporto’ [clássico do grupo que está gravada no primeiro disco da banda “Swing e Samba-Rock”], que é muito divertida e as pessoas adoram. É raríssimo não tocá-la em nossos shows.”

5- “Encontros e Desencontros”, de Marco Mattoli e Robson Capela

“Aqui é o Clube se conectando mais ao universo do samba, por meio dessa minha parceria com o Robson Capela, um grande compositor paulista que tem músicas gravadas pela Leci Brandão. Nessa faixa nos aproximamos bastante do som do Branca di Neve [músico, sambista, cantor e compositor paulistano, morto precocemente em 1989, aos 38 anos], tocando um samba bem paulista e falando sobre os encontros e desencontros que temos com as pessoas durante a vida.”

6- “Ela Dança”, de Marco Mattoli e Roberta Gomes

“Aqui flertarmos com o lado bem pop do samba-rock, indo para aquela praia dos anos 1970, do Bebetão [Roberto Tadeu de Souza, 72, o Bebeto, cantor, compositor brasileiro e um dos maiores nomes ligados ao samba-rock nas décadas de 1970 e 1980], e do Luiz Vagner [guitarreiro, guitarrista e compositor, considerado uma das grandes referências do reggae e do samba-rock brasileiros]. É uma música bem simples, quase um haikai, que diz: ‘Eu vivo e ela dança’. Ou seja, eu me preocupo, eu elaboro, eu penso pra caramba, mas existe aquela pessoa que apenas dança pela vida.”

7- “Baralho Novo”, de Roberta Gomes

“Essa música tem muito a ver com a Tereza [cantora do grupo], porque é uma música de um feminino muito forte. Geralmente, os sambas são muito masculinos e trazem a visão do homem. Em ‘Baralho Novo’, é uma mulher mandando um cara tomar no cu, literalmente, falando que ela também pode viver, superar e acaba mandando ele ir passear porque ela vai ficar muito bem sem ele, obrigado.”

8- “Balanço Zona Sul”, de Reginaldo “16 Toneladas”

“Essa faixa é uma safadeza. Música de pista mesmo. Parece aquelas coisas dos anos 1950, com aquelas orquestras de antes.”

Para as duas noites de show, Maita, o pianista da banda,  dá a dica: “Usem roupas e calçados confortáveis para dançar bastante, além de ir com muita vontade de se divertir”. O baterista Edu “Peixe” completou: “Quem for a qualquer um de nossos shows, sempre vai ver gerações diferentes, juntas e misturadas, dançando muito e alegres.”

O baterista Edu ‘Peixe’ (Foto: Carlos Bozzo Junior/Folhapress)

Assista, a seguir, ao vídeo gravado com exclusividade pelo Música em Letras, no qual o grupo Clube do Balanço toca “Samba du Bom”, de Marco Mattoli e Janaina Pereira.

SHOWS DE LANÇAMENTO DO CD “BALANÇO NA QUEBRADA”

ARTISTA Clube do Balanço

QUANDO Sexta-feira (7) e sábado (8), às 21h30

ONDE Comedoria do Sesc Pompeia, r. Clélia, 93, Água Branca, São Paulo, tel. (11) 3871-7700

QUANTO De R$ 9 a R$ 30

CD R$ 10