Acontece nesta segunda-feira (2), no Sesc Consolação, às 19h, em São Paulo, o show Porta do Templo, com o percussionista Caito Marcondes, o trombonista Paulinho Malheiros e o quarteto de cordas Quadril.

O Música em Letras esteve no último domingo (1º) no apartamento do artista, onde o entrevistou e gravou com exclusividade para o blog um vídeo no qual o grupo interpreta “Ginga”, música de autoria de Marcondes (veja vídeo no final do texto).

O show é a retomada de um projeto que Marcondes começou a escrever entre os anos de 1993 e 1994, para depois gravá-lo em 1995, na Califórnia, com o Turtle Island String Quartet e François de Lima ao trombone. O projeto foi posteriormente abraçado por um grupo belga com o qual Marcondes realizou inúmeras turnês pela Europa, durante cerca de 10 anos, culminando, em 2011 com a gravação ao vivo de um CD,  lançado na Europa com o nome de “Festança”.

Ainda em 2011, o artista gravou ao vivo, no Lincoln Center, em Nova York, um DVD com músicos norte-americanos, dois deles do Turtle Island. “Como é um trabalho que manteve sua atualidade, resolvi retomá-lo agora que completo 50 anos de palco, pois recebi meu primeiro cachê profissional, aos 15 anos, num show em Ubatuba no dia em que o homem pisou na Lua, 20 de julho de 1969”, contou Marcondes.

Quais as diferenças de tocar com o Turtle Island String Quartet e com o Quadril? “São duas formações idênticas, mas com o diferencial de que o Quadril é um grupo brasileiro, portanto mais familiarizado com a minha linguagem, e onde tenho ainda o prazer de contar com minha filha Micaela em um dos violinos. Embora ambos sejam formados por músicos dotados de elevado nível artístico e profissional, há no Quadril uma grande delicadeza, mas também muita energia, por ser um quarteto formado exclusivamente por mulheres.”

Entre as músicas do espetáculos figuram “Ginga” e “Toada”, as duas de Marcondes. “Abriremos o concerto com ‘Toada’, composição e arranjo meus em que coexistem momentos de ritmo marcado e também passagens onde o tempo parece esvair-se para dar lugar à reflexão e relaxamento. Note-se o diálogo contrapontístico entre os instrumentos, em que cada um assume seu protagonismo, numa escrita que podemos chamar de ‘democrática’, e com o atrativo da improvisação livre de viola e percussão.”

Sobre “Ginga”, gravada no ensaio pelo blog, o artista comenta: “ Outro momento interessante também acontece em ‘Ginga’, igualmente composição e arranjo meus, onde eu canto canções ouvidas de meu pai na infância e outras colhidas de compositores anônimos da região do Vale do Paraíba e Ubatuba. Atenção para meus duetos ora com o trombone, ora com os violinos. Com o trombone evocando um lado de basófia e valentia, e com os violinos, uma exagerada declaração romântica.”

O que as pessoas devem ter em mente quando forem assistir a esse show? “Espero que venham sem expectativas ou opiniões pré-formadas para mergulharem num universo que traz um conteúdo totalmente focado nas raízes da música brasileira com uma leitura a um só tempo erudita e popular, no sentido em que a escrita rigorosa convive com a improvisação livre, dentro de uma textura timbrística pouco comum nas tradicionais formações camerísticas.”

Assista, a seguir, ao vídeo gravado com exclusividade pelo Música em Letras, no qual o grupo de músicos interpreta “Ginga”, de Caito Marcondes.

SHOW PORTA DO TEMPLO

ARTISTAS Caito Marcondes (percussão e voz), Paulinho Malheiros (trombone e voz), Mica Marcondes (violino e voz), Alice Bevilaqua (violino e voz), Elisa Monteiro (viola e voz) e Vana Bock (violoncelo e voz)

QUANDO Segunda-feira (2), às 19h

ONDE Sesc Consolação, r. Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, São Paulo, tel. (11) 3234-3000

QUANTO Gratuito