Se alguns tipos de sons o incomodam, você pode sofrer de misofonia
A misofonia é um distúrbio que faz com que se desenvolva uma intolerância a alguns sons. Entre eles, os que se propagam por músicas, conversas, motores de ônibus, carros, tosses, espirros, beijos – sim, você leu beijos-, pigarros, latidos de cães, e até de alguém mastigando ao seu lado. Há uma infinidade de exemplos de sons que disparam os sintomas dessa doença.
Para quem sofre de misofonia, ouvir determinados “ruídos” faz com que a pessoa fique irritada e possa até entrar em pânico, além de sentir dores na cabeça e enjoos, entre outros muitos sintomas desencadeados diante do que o cérebro considera um “barulho” extremamente irritante.
Mas como saber se você sofre misofonia, por exemplo, morando em São Paulo, onde ruídos perturbadores têm “solos” extensos garantidos em vários compassos da trilha sonora da cidade? Não se preocupe, pois até no campo, na montanha ou na praia você pode sentir os sintomas dessa síndrome por meio dos cantos dos galos, do farfalhar das folhas ou do quebra-quebra das ondas do mar. O mal não é urbano. Portanto, só indo a um especialista (neurologista, psicólogo e psiquiatra) para saber, embora não haja um exame ou tratamento específico para a doença.
O fato é que mesmo se você, como eu, não sofra dessa doença, mas se incomode com, por exemplo, pessoas falando alto no celular nas ruas e em ambientes confinados, tais como meios de transportes públicos, elevadores, bibliotecas, ou os sons de TVs ligadas em bares, lanchonetes e restaurantes, sem falar nos carros que vendem pamonha, que atualmente circulam até altas horas da noite – sim, não está fácil para ninguém-, além dos vendedores ambulantes do metrô que gritam nos ouvidos dos usuários, só lhe resta uma coisa: dormir com um barulho desses…
O som, seja ele agradável ou não, é como uma espécie invasora, que não pede licença, pois quando emitido soa, sem volta. Soa sem importar se você está disposto, preparado ou no clima de ouvi-lo, senti-lo, compreendê-lo, ou até mesmo se o ambiente em que ele se propaga é adequado para tal.
Contudo, o som não é como um bicho selvagem, incontrolável ou um vilão. Alguns deles podem perfeitamente serem dosados, disseminados e controlados por quem os produz, incluindo fabricantes de motores, por exemplo, de ônibus, carros, motos, aspiradores de pó, lavadoras de alta pressão e liquidificadores que, para mostrarem que seus produtos têm uma megapotência absurda, utilizam-se desse truque deixando-os com um som alto, forte e estridente de fazer budista ir para quimbanda.
Segundo Miles Davis (1926-1991), “em música, o silêncio é mais importante do que sons”. No mundo, a cada dia que passa o silêncio se valoriza. Então, por que não respeitar o silêncio do próximo? Ah, sim, concordo que há muita coisa que é desrespeitada para ser revista antes do som, até mesmo a própria vida. O que não quer dizer que tenhamos de urbanizar usando tampões ou fones de ouvido para coexistirmos com fontes sonoras desagradáveis e prejudiciais à saúde.
Assim, em pouco tempo, teremos também de usar máscaras ou tampões do nariz para não sentirmos cheiros, e óculos que embacem ou desvirtuem a dura realidade que vivemos, caso contrário desenvolveremos uma infinidade de males incuráveis.
Sendo assim, tenha consciência e procure ser responsável pelo som que você emite, pois, sem você perceber, a pessoa a seu lado pode ficar extremamente irritada e te “colar o brinco”, dando-lhe um belo de um “telefone”.