Patrícia Bastos e Dante Ozzetti fazem show em São Paulo comemorando dez anos de parceria

Acontece neste domingo (22), às 19h30, no Bar do Alemão, em São Paulo, o show da cantora macapaense Patrícia Bastos acompanhada pelo compositor, arranjador e violonista paulistano Dante Ozzetti.

O Música em Letras esteve com os artistas na casa de Dante Ozzetti, onde aconteceu o ensaio. Lá entrevistou, fotografou e gravou, com exclusividade, dois vídeos no qual a dupla interpreta “Dentro e Fora”, de Dante Ozzetti e Luiz Tatit, e “Batom Bacaba”, de Enrico Di Miceli e Joãozinho Gomes (veja vídeos no final do texto).

Recentemente, Dante Ozzetti e Patrícia Bastos viajaram para a Guiana Francesa e para o Suriname onde fizeram um show. O intuito da viagem foi conhecer de perto os ritmos desses lugares. Saíram de Macapá e foram, via terrestre, até o Oiapoque, seguindo para Caiena, Kourou, Saint Lourent du Maroni e Paramaribo. “A Guiana Francesa tem três culturas importantes: ameríndia, dos povos autóctones; buchinengue, dos negros que fugiram da escravidão holandesa, no território que depois virou Suriname; e a dos crioulos, que é a mistura de franceses com africanos. Só na música dos crioulos há sete vertentes muito importantes, entre elas, o cacicó. Fomos nos guetos onde são tocadas essas músicas e tivemos aulas sobre tudo isso”, disse Dante Ozzetti que, junto com Patrícia Bastos, viajou pela região durante 12 dias.

A dupla, que se conhece há dez anos, perdeu a conta de quantos shows conjuntos já realizaram. No entanto, para se ter uma ideia, na semana passada fizeram quatro em Fortaleza; na próxima semana, farão três em Salvador, antes de realizarem mais três em Curitiba e três em São Paulo.

Dante Ozzetti, 63, é compositor, arranjador, violonista, arquiteto e – completado por ele – “avô de um menino de três meses, o Francisco, e de uma menina de quatro anos, Julia”. A menina já mostra musicalidade? “Minha netinha é supermusical”. Como você afere isso? “Tenho uns vídeos com ela tocando piano… Ela convive com pessoas dessa área, quando pega um instrumento para tocar, mostra que tem muito ritmo”, disse o irmão da cantora Ná Ozzetti e da flautista Marta Ozzetti, reforçando a ideia de que talento e musicalidade podem ser, sim, hereditários.

A parte musical que foi conferida – geneticamente, por acaso, ou, o mais provável, por meio de muito estudo – a Dante Ozzetti lhe proporcionou carreira sólida. O artista tem três discos: “Ultrapássaro” (2001), “Achou!”, com a cantora Ceumar, (2007) e “Amazônia Órbita” (2016). Abocanhou, entre outros, os prêmios Sharp, de melhor arranjador e melhor disco, pelo álbum “Ná” (1994), e Bravo Prime, de melhor CD de música popular, por “Balangandans – Ná Ozzetti” (2009). E venceu, em 2002, pelo júri oficial e júri popular, o III Prêmio Visa – Edição Compositores.

Como produtor e arranjador, atacou em dois discos da cantora Patrícia Bastos: “Zuluza” (2013) e “Batom Bacaba” (2016). Do último, os artistas interpretarão no show em São Paulo, entre outras, “Brisa e Brasa”, de Dante Ozzetti e Luiz Tatit. Do primeiro disco, “U Amassu i u Dubradú”, de Dante Ozzetti e Joãozinho Gomes, poeta de Belém, mas que há muito mora em Macapá. “Essa música foi feita a partir das inflexões rítmicas do ritmo batuque, do Curiaú, um quilombo que fica em Macapá. No disco, tem os tambores e as congas, mas no show vou fazer isso no violão”, falou Dante Ozzetti.

Na apresentação de domingo, muitas das 16 músicas a serem apresentadas são de Dante Ozzetti em parceria com Luiz Tatit. Nove delas serão cantadas por Dante Ozzetti com Patrícia Bastos. Entre as composições de Ozzetti e Tatit estão confirmadas “Estopim”, gravada por Ná Ozzetti, “Vão” e “Dentro e Fora”, as duas últimas do disco “Ultrapássaro”. “Vão” foi gravada com Virgínia Rosa e “Dentro e Fora”, com ela e Ná Ozzetti. “‘Vão’ foi composta a partir de uma conversa musical e o Tatit fez uma letra com as duas cantando. Para o show eu a reconstruí para ser cantada por um homem e uma mulher, eu e a Patrícia”.

Dante Ozzetti e Patrícia Bastos (Foto: Carlos Bozzo Junior/Folhapress)

“Achou!”, gravada pela cantora Ceumar e classificada em segundo lugar no festival de música da TV Cultura também está no show. “A partir dessa música, que é um baião, eu e a Ceumar recebemos uma proposta para gravarmos um CD. Compus 11 músicas para o disco que acabou se chamando ‘Achou!’. Sei que essa música,‘Achou!’, achou várias possibilidades e um jeito para nós fazermos música”, disse rindo o compositor, fazendo troça com o título da música e do disco.

Perguntei a Dante Ozzetti como é acompanhar Patrícia Bastos. “É muito fácil porque ela é muito afinada. Para mim uma coisa que pega muito é a da afinação. Além disso, é uma satisfação. A Patrícia tem um sotaque de Macapá, mas por ter cantado a vida inteira, tem uma visão universal da música. Ela tem muito repertório e para você criar tem de ter muito repertório. Ela tem tudo isso e busca sempre novidades.”

Para a cantora Patrícia Christiane Guedes Bastos, 49, cantar acompanhada por Dante Ozzetti é: “Realizar um sonho de ter um grande violonista ao meu lado. Ele me entende. Fecho meus olhos e entrego meu canto na mão dele, que sabe onde deve tocar, silenciar ou deixar a voz aparecer. Há um repeito muito grande dele por mim e de mim por ele.”

Tal respeito rendeu para o CD “Zulusa”, produzido por Dante Ozzetti, os prêmios de melhor álbum regional e de melhor cantora no prêmio da Música Brasileira, e de melhor disco do ano no prêmio Embrulhador. Além desse disco, Patrícia Bastos tem outros quatro gravados: “Pólvora de Fogo”, “In Concert”, “Eu Sou Caboca” e “Batom Bacaba”, produzido por Dante em parceria com Du Moreira e finalista do Prêmio da Música Brasileira e do Latin Grammy.

Entre as músicas que irá cantar no show em São Paulo, Patrícia Bastos destacou “U Amassu i u Dubradú”, que tem uma linguagem de corruptela. “Essa linguagem é quase um dialeto, falado pelos ribeirinhos do Amapá. Ela vem de uma mistura do jeito de falar do índio, do negro e do europeu. Nela, algumas palavras são interrompidas, como, por exemplo, Macapá, que era Macapába. Vamos explicar isso um pouquinho antes de cantar.”

Outras músicas do show mostram como é o ritmo afro-marabaixo, do Amapá. São elas “No Laguinho”, de Paulo Bastos, e “Mal de Amor”, de Val Milhomem e Joãozinho Gomes. “Nesse momento, falarei um pouco sobre a história da cidade e do povo maravilhoso de Macapá, além de mostrarmos como é o ritmo marabaixo”, disse Patricia Bastos.“Batom Bacaba”, música de Enrico Di Miceli e Joãozinho Gomes, também está garantida no espetáculo. “Sou apaixonada por essa música, que é um batuque e virou uma canção.”

“No show, comemoramos nossos dez anos de parceria, mostrando o que estamos fazendo pelo Brasil que o Brasil não conhece – a Amazônia, por exemplo – e pelo mundo, porque já nos apresentamos na França, em Portugal, na Guiana Francesa”, disse a cantora que deu a dica para que o público vá preparado para ouvir e dançar.

Para Dante Ozzetti, as pessoas que forem ao show devem saber com antecedência que irão assistir a “uma grande cantora e um violonista que tem a cabeça de um produtor e arranjador. Toco violão mais como arranjador do que como solista”.

Depois do show, que deve durar 1h10, algumas canjas podem acontecer, com a participação dos cantores Renato Brás, Lula Barbosa, Marcelo Preto e da pianista Heloísa Fernandes.

Assista, a seguir, aos vídeos no quais os artistas gravaram duas músicas do show, com exclusividade para o Música em Letras: “Dentro e Fora”, de Dante Ozzetti e Luiz Tatit, e “Batom Bacaba” de Enrico Di Miceli e Joãozinho Gomes.

SHOW PATRÍCIA BASTOS E DANTE OZZETTI

QUANDO Domingo(22), às 19h30

ONDE: Bar do Alemão, av. Antártica, 554, Água Branca, São Paulo, tel. (11) 3862-5975

QUANTO: R$ 20,00. Reservas pelo Whatsapp: (11) 93242-6545