‘Sound healing’, a cura pelo som

Acontece sábado (20) das 15h às 17h, no Espaço Ponte do Arco Íris, na Vila Madalena, em São Paulo, um concerto meditativo com tigelas de cristal e instrumentos de cristal de quartzo. Os especialistas Luiz Pontes e Rita Pontes, que comandam a apresentação, foram entrevistados pelo Música em Letras na casa onde moram, em Itapecerica da Serra (SP), e explicam o que vem a ser o evento que, segundo eles, pode ajudar em processos de cura.

Nos Estados Unidos e na Europa esse tipo de concerto é chamado de “sound healing” (cura pelo som) ou “sound therapy” (terapia pelo som) e há muito vem sendo utilizado como tratamento complementar, mediante a utilização de sons e frequências sonoras.

Assista no final do texto ao vídeo feito com exclusividade pelo Música em Letras, no qual Rita e Luiz Pontes mostram o som de alguns dos instrumentos empregados na prática. Como algumas das frequências emitidas por esses instrumentos serem sutis ou baixas demais, recomenda-se assistir ao vídeo usando um par de fones de ouvido.

PIONEIROS NO BRASIL EM SOUND HEALING

Luiz Henrique Pontes, 56, nasceu em Varginha (MG), veio para São Paulo, em 1970, e há dez anos mora em Itapecerica de Serra, que fica a cerca de 30 quilômetros da capital. Formado em ciência da computação e tecnologia, Pontes foi antes técnico em eletrônica. Desde 2011 é pós-graduando em musicoterapia pela FMU e estuda música por meio de aulas particulares semanais de teclado. “Estou estudando o básico da teoria musical e entrando na harmonia para juntar isso no trabalho que faço”, disse referindo-se à terapia com sons que aplica.

A paulistana Rita de Cássia Viana Xavier Pontes, 55, mulher de Luiz, é formada como tradutora e intérprete e tornou-se professora de inglês. Durante vários anos foi professora de dança do ventre e dança cigana, tendo a música como aliada em tal empreitada. “Por meio de meus pais ouvi e dancei muito, pois a música sempre foi muito presente em nossa casa”, disse Rita.

Há cinco anos o casal é proprietário da Som de Cristal, empresa que trabalha (projeta, fabrica, importa e vende) com instrumentos de cristal de quartzo. “Facilitamos a chegada desses instrumentos, importados da China, mas esse é apenas um dos segmentos da empresa. Trabalhamos também na área educacional, na qual damos cursos e workshops de iniciação para mostrarmos como é fácil e bom tocarmos esses instrumentos. Ministramos cursos de formação extensiva para prepararmos as pessoas que queiram multiplicar os benefícios desses sons”, falou Pontes que realiza, entre outros eventos, concertos meditativos como o que fará no dia 20 de julho.

A cura pelo som é uma maneira genérica de se referir à terapia empregada pelo casal que batizou o curso extensivo que ministram de Curso de Formação Extensiva e Terapia do Som, que utiliza instrumentos sonoros de quartzo.

Luiz Pontes (Foto: Carlos Bozzo Junior/Folhapress)

INTUIÇÕES AGUÇADAS

O que se cura com os sons? “Aqui no Brasil temos que tomar uma série de cuidados para falarmos sobre isso, principalmente se você está na área da saúde. No exterior, o termo ‘sound healing’ designa uma terapia realizada por meio dos sons, que tem entre outros objetivos a cura. Portanto, prefiro falar sobre a nossa experiência, o que aconteceu conosco a partir do momento que começamos a tocar esses instrumentos de cristal.”

Em 2008, o casal teve suas intuições aguçadas com a chegada dos primeiros instrumentos. “Começamos a tocar para nós mesmos e percebemos que algumas coisas mudavam. Na verdade, não é que se cura uma gripe ou enxaqueca, mas esse som te coloca em um alinhamento que te faz retornar para seu centro. Todos temos um centro, uma essência, e essa essência tem uma vibração, só que vivemos fora dela. Vivemos de maneira desequilibrada o que gera estresse e mais um monte de coisas que são essas doenças modernas que temos.”

Segundo Luiz Pontes, observou-se por meio desses sons provenientes de tigelas de cristal de quartzo que se tocarmos por cinco ou dez minutos por dia, ou seja, se fizermos uso contínuo do som desses instrumentos que não requerem técnicas, habilidades ou conhecimento musical prévio para tocá-los, já começamos a sentir os benefícios que proporcionados pela maior harmonização de nossas vidas. “Por isso não se cura uma enxaqueca, mas se pode abrir a mente e a intuição para que se receba do universo um médico que vai te curar da enxaqueca ou de uma dor de estômago. Já vi o som tirar dores de cabeça e de juntas, por exemplo. Não sei falar cientificamente, mas talvez o som iniba receptores do cérebro relacionados a dores e por isso elas diminuem no momento em que você está passando pelo procedimento e recebe a vibração do som”.

Pontes certifica que não ouvimos apenas com nossos ouvidos, mas com o corpo inteiro. “Recebemos a vibração com o corpo inteiro e isso gera mais harmonia, consequentemente bem-estar. Uma coisa que acontece quando ouvimos o som desses instrumentos é que relaxamos muito. E é nesse relaxamento que ocorre a ação do nosso curador interno. Não é um fator externo do som; o som possibilita através do relaxamento que o nosso curador interno apareça. Nosso próprio corpo tem a sabedoria de fazer o que ele tem que fazer. Há muitos estudos e livros que abordam essa resposta vinda do relaxamento e que propicia benefícios quando entramos no que chamamos de estado de coerência.”

Rita Pontes (Foto: Carlos Bozzo Junior/Folhapress)

SOM INTERIOR

Nos concertos meditativos, com duração de cerca de duas horas, são tocados 24 instrumentos de quartzo. Há um conjunto de tigelas brancas foscas de cristal de quartzo, todas afinadas entre si, além de taças, pirâmides, harpas, diapasão e didgeridoo também do mesmo material.

Após as apresentações, o público costuma relatar para o casal experiências distintas de sensações promovidas pelo som, incluindo a ausência completa de dores. “Há todos os tipos de relatos. Alguns dizem que tinham uma determinada dor que sumiu. Outros apontam que uma dor surgiu durante o concerto e no final passou. Entre os exemplos já ouvi pessoas que estavam com dores nas juntas, costas, cabeça, estômago ou com uma bola na garganta e desapareceu. Na real é uma espécie de liberação do que a pessoa está passando na vida.”

Segundo Rita, quem vai a um concerto desse tipo, principalmente quando o evento acontece no período noturno, deve sair do local da apresentação e se dirigir para um lugar mais tranquilo, pois a reverberação de todos os sons que rolaram durante as duas horas continua. “Tem pessoas que depois do concerto nos encontram ou enviam mensagens relatando que o sono foi diferente, mais tranquilo, sem interrupção e com sonhos com mais ‘insights’. Há inclusive os que dizem que o som permanece dentro de seus corpos por dias, o que as torna mais centralizadas e mais equilibradas.”

Entre os casos que acontecem durante os concertos, Rita se recorda de um que muito a emocionou. “Após o concerto, os pais de uma moça de 18 anos, surda de nascença, vieram nos agradecer pela alegria que proporcionamos à filha, pois ao tocar o instrumento e sentir a vibração, embora não escutasse o som, a filha sentia uma alegria nunca antes vista por eles.

Há, como anunciado em alguns posts e vídeos pela internet, alguma frequência capaz de curar dor de amor? “Na nossa concepção, não. Trabalhamos muito com a questão do nosso som interior. Cada pessoa tem sua própria vibração e é possível que ela identifique esse seu som interior em um som de uma tigela de cristal. Após identificar esse som, é possível que ele ajude até a curar uma dor de amor, entre outras coisas. Devemos colocar intenção no uso do som, como por exemplo, utilizá-lo para desestressar. No entanto, não há estudos que provem que uma determinada frequência funciona para uma determinada coisa, e olha que estudei bastante isso. O que existe são testes que utilizam uma tecnologia de ultrassom de alto foco, que parece um raio laser sonoro, no tratamento de câncer de mama e de próstata, mas ainda está em teste”, falou Luiz.

De acordo com ele, o som desses instrumentos de quartzo têm mudado a vida de muita gente. “Mas não é o som apenas; é a própria pessoa que é responsável pelas mudanças que ocorrem. O som ajuda as pessoas, mas ele por si só não é o suficiente. O que vale é a intenção.”

Na vida do casal Pontes sons aliados a intenções foram responsáveis por algumas mudanças importantes. Saíram de São Paulo, mudaram de emprego e de maneira de viver. “Todos os dias tocávamos imaginando o que queríamos para nós e hoje estamos vivenciando o que imaginamos. Troquei de área de trabalho, saindo da informática e entrando nessa área da musicoterapia; trocamos de endereço, saindo do aluguel para uma casa própria em um local como imaginávamos. Enfim, harmonizamos nossas vidas da maneira como intencionávamos. Estamos bem felizes com isso”, contou Luiz.

Como escolher um instrumento ideal para si? “Tem de ser um som que te agrade e que você goste de tocar porque o ideal é tocar todos os dias. Quando se acha uma sintonia com o instrumento, o som dele irá te ajudar em tudo”, falou Rita.

Segundo Luiz Pontes: “Somos um sistema que nasce com uma frequência de ressonância perfeita. Com o passar dos anos vamos envelhecendo e nossa orquestra interior vai desafinando por conta das doenças e do que criamos em nossas mentes e corpos. Temos que voltar à nossa frequência original trazendo mais harmonia, relaxamento, calma e equilíbrio, potencializando o seu propósito, ou seja, aquilo que há dentro de você”.

Luiz Pontes e Rita Pontes em entrevista ao Música em Letras (Foto: Carlos Bozzo Junior/Folhapress)

LINHA DE INSTRUMENTOS INCLUI DE TIGELAS A HARPAS

Tigelas foscas brancas

Na famílias das tigelas foscas brancas, os instrumentos variam de seis a 14 polegadas, compreendendo três oitavas musicais, começando na oitava três. A maioria das tigelas está na oitava quatro, região na qual se encontra a maioria das vozes humanas. Quanto maior a tigela, mais grave é o som e, consequentemente, mais baixa é a oitava. Quanto menor a tigela, mais agudo é o som e mais alta é a oitava. O preço desses instrumentos varia entre R$ 500 a R$ 1.000.

Tigelas transparentes

As tigelas abarcam uma faixa um pouco menor de tamanhos e oitavas. Elas começam em cinco polegadas e vão até 12 polegadas. As tigelas transparentes são mais caras e não têm um som tão expansivo como o das tigelas foscas apropriadas para serem tocadas , na natureza. As tigelas transparentes têm um som mais contido, mas com uma vibração muito forte também. O preço desses instrumentos varia entre R$ 800 a R$ 2.000.

Tigelas ultralights

Essas tigelas estão entre as foscas e as transparentes. Também compreendem três oitavas, mas são mais caras. Dependendo do tamanho, pode custar de R$ 1.220 a R$ 2.500

Tigelas coloridas

Tigelas coloridas são simplesmente tigelas pintadas, ou melhor, pigmentadas durante o processo de fabricação com a cor que a pessoa mais aprecia, podendo ser verde, amarelo, vermelho ou azul, entre outras. São cerca de 20% mais caras do que as tigelas foscas, com preço variando entre R$ 600 e R$ 1.200 e também abarcam três oitavas.

Tigelas gigantes

Essas são as maiores, com peças de 16, 18 ou 20 polegadas. Para que se tenha uma ideia de tamanho, 20 polegadas correspondem a 50 centímetros de diâmetro. A peça emite o som de uma nota dó da oitava três, o que vem a ser um som grave e de frequência bem mais baixa. Consequentemente o instrumento é bem pesado e mais difícil de ser transportado, mas com uma sonoridade única. A reverberação desse tipo de instrumento após ser tocado uma única vez dura em torno de três minutos. O preço também é mais “gordo” como o som, pois gira em torno de R$ 2.000 a R$ 2.500.

Tigelas alquímicas

Essa linha compreende tigelas de quartzo ao qual é adicionado um metal, como ouro ou prata, ou uma pedra, citrino ou esmeralda, por exemplo. As características quanto a oitavas, tamanhos e sons são as mesmas das outras citadas. Contudo a tecnologia empregada na manufatura desses instrumentos é de propriedade de uma empresa norte- americana chamada Crystal Tones e nunca foi copiada. O preço também é exclusivo, pois alcança valores que vão de R$ 4.000 a R$ 20.000. Segundo Luiz Pontes, há tigelas desse tipo que custam em torno de 15 mil dólares.

Bastões para tocar tigelas

Qualquer pessoa pode tocar uma tigela. Basta rodar o bastão em sua borda ou badalá-lo de encontro ao corpo do instrumento. Os bastões utilizados para tocar as tigelas variam de tamanho e material. Cada tigela tem um tipo específico de bastão, dependendo de seu tamanho e do material com que é feita. Bastões para tigelas podem ser confeccionados com mantas de silicone, com a cabeça (bola) de silicone. Para outros instrumentos há bastões de borracha e de madeira.

As tigelas costumam vir em uma embalagem de isopor. No entanto, Luiz Pontes tem intenção de desenvolver um “case” especial para esses instrumentos no intuito de protegê-los melhor durante o transporte.

Taças terapêuticas

As taças são tigelas transparentes com hastes que permitem que elas sejam seguradas. Esses instrumentos têm um som mais puro e são mais direcionados para uso de terapeutas que realizam movimentos com o som em torno do corpo das pessoas. Geralmente a reverberação do som de uma taça dura mais tempo do que o som de uma tigela. As taças também são utilizadas para serem tocadas em ambientes que devem ser limpos, purificados por meio dos sons. Os tamanhos são de cinco, seis e sete polegadas. As oitavas são as mesmas das tigelas, e os bastões utilizados para badalar as taças é feito de camurça, que por vezes é sintética para atender a comunidade vegana. Os preços variam de R$ 800 a R$ 1.300.

Diapasão de quartzo

Esse é um dos instrumentos mais usados nos Estados Unidos na cura pelo som. Como um diapasão de metal, a ponta do instrumento é colocada em pontos do corpo utilizados na acupuntura, ou simplesmente próximo aos ouvidos para que se sinta a reverberação produzida pelo som. Com cerca de 30 centímetros, o diapasão custa em torno de R$1.300. As notas podem ser lá ou si.

Pirâmides

Há pirâmides de muitos tamanhos, chegando a 66 centímetros de altura, mas no Brasil o instrumento pode ser encontrado em cinco tamanhos: sete, 12, 15 20 e 25 centímetros. Os preços vão de R$ 400 a R$ 1.500. Não há uma nota específica para as pirâmides, pois são harmônicos que gravitam até a oitava seis e sete. Construídas com o ângulo de 45 graus, os instrumentos têm por base a Pirâmide de Quéops, também conhecida como a Grande Pirâmide de Gizê, ou simplesmente Grande Pirâmide.

Harpas

As harpas são frutos de uma parceria da empresa de Luiz Pontes com uma empresa de Campinas que trabalha com quartzo. São dois tipos de harpas: de bastões e de tubos de quartzo vazados. Os tubos são ocos, afinados de dó a dó, abarcando as oitavas quatro, cinco e seis, além de vários harmônicos, pois o quartzo tem essa propriedade. Podem ser construídas com qualquer afinação pois os tubos podem ser cortados em diversos tamanhos. O preço da harpa menor é R$ 2.650, e da maior, R$ 2.900

Didgeridoo

O didgeridoo é um instrumento que lembra uma espada Jedi por seu tubo transparente de cristal de quartzo. Ele pode ter de um metro a um metro e vinte centímetros, com 40 ou 50 centímetros de diâmetro, e seu som se assemelha ao de um berrante. As notas podem ser dó, ré, ré sustenido, fá ou mi. O preço varia entre R$ 1.000 a R$ 1.500.

Manutenção

A manutenção, ou melhor, a limpeza desses instrumentos deve ser realizada periodicamente. Se for uma sujeira leve é possível limpá-los com detergente neutro e uma escovinha. A parte externa das tigelas é porosa, portanto se uma graxa ou qualquer substância escura a atinge, como o barro – o que é comum quando se toca na natureza –, fica bem difícil de remover.

Assista, a seguir, ao vídeo gravado com exclusividade pelo Música em Letras, no qual o casal Luiz e Rita Pontes mostra os sons dos instrumentos utilizados no concerto meditativo que realizam. Se possível ouça com fones de ouvido para captar melhor as frequências dos instrumentos e suas reverberações.

CONCERTO MEDITATIVO COM TIGELAS DE CRISTAL E INSTRUMENTOS DE QUARTZO

QUANDO Sábado (20), das 15h às 17h

ONDE Espaço Ponte do Arco Íris, rua Natingui 154, Vila Madalena, São Paulo, tel. (11)94851-5515, com Paula

QUANTO R$ 60