Qual é o som de São Paulo?
Há muito, músicas carregam cidades de vários lugares do planeta para ouvidos distantes que as associam, de imediato, ao local musicado. Das mais manjadas – e em uma só “lembrada” – há “New York, New York”, “Mi Buenos Aires Querido” e “Sampa”. Mas qual é o som que caracteriza a metrópole paulistana?
O Música em Letras esteve hoje (25), na mais paulistana das avenidas da cidade conferindo o som e captando em vídeo o que rolou por lá. Assista aos vídeos, feitos com exclusividade pelo blog, no final do texto.
SONS DAS CIDADES
Fosse sobre a cidade do Recife, certamente o frevo e o maracatu ocasionariam dúvidas sobre a escolha do som que melhor representa a capital pernambucana. Talvez vencesse o maracatu por respeito à ordem de chegada. No Rio, o samba provavelmente ganharia disparado antes do funk, mas e em São Paulo? Qual seria o som da cidade aniversariante? São 465 anos e ela ainda não tem playlist definido por gênero musical.
Do som dos carros que vendem pamonha aos motores de ônibus, geradores e motos há uma enorme gama de ruídos, sons e até músicas que ocupam lugar em nossas mentes associados a Sampa. Um deles, que trago indelével na memória, é o forte e sonoro sotaque da atendente de uma extinta vídeo locadora – veja como minhas lembranças sonoras são antigas- que, ao receber de minhas mãos uma pré-histórica fita de VHS, disse paulistanamente: “Tá devolvêêêênnnndúúúú?”
Em São Paulo, som não falta: ruídos de motores, sotaques, escapamentos, músicas, animais – sim, há muitos animais barulhentos na cidade de São Paulo, tais como bugios, além de maritacas eloquentes que se misturam a latidos de cães e miados de gatos confinados-, e uma infinidade de gente sem educação que grita em seus celulares pelas ruas, vagões do metrô e ônibus, ecoando constantemente que sua população está longe de saber urbanizar.
Entretanto, nada formata ou define um gênero musical para a maior cidade do Brasil, que, embora seja favorecida pela lei do “psiu”, vive quebrando o silêncio em constante desobediência civil.
Como os ruídos, a catira, o samba, o rap, o jazz, o funk, o sertanejo, o country, o rock, o indie, a bossa nova, a música clássica, eletrônica, o k-pop, a trap music e o escambau preenchem o cenário musical sem um gênero específico que seja líder soberano da cidade.
Em meio a tanta diversidade, a aniversariante se mantém, após 465 anos de sua fundação, aberta a todo tipo de som, gênero e música, mas paradoxalmente em silêncio quanto a se fixar em uma única manifestação sonora.
Segundo o rapper Criolo, “Não Existe Amor em SP”. E, de acordo com esse blog, nem um som que a defina.
Parabéns, São Paulo!
Assista, a seguir, aos vídeos feitos com exclusividade pelo blog.