Acontece nesta quarta-feira (31), às 20h30, no Sesc Pinheiros, o lançamento do CD “Expedições”, segundo disco do trompetista, arranjador, compositor e professor paulista Rubinho Antunes. No show, o músico conta com a participação de Fábio Leandro (piano), Bruno Barbosa (contrabaixo), Daniel de Paula (bateria) e Fábio Gouvea (guitarra), que substitui o guitarrista e violonista Vinicius Gomes, presente na gravação do disco e atualmente morando na Suíça.

O Música em Letras esteve na terça-feira (30) no ensaio do grupo e gravou, com exclusividade para o blog, “De Minas” e “Route des Lapins”, músicas que estão no repertório do disco e do show (assista aos vídeos no final do texto).

Cancha não falta para Rubens Aparecido Antunes Junior, 39, nascido em Ribeirão Preto e criado em Santa Rosa de Viterbo, cidade a 310 quilômetros de São Paulo. Ainda no interior paulista, em Tatuí, o músico foi professor de conservatório da cidade durante nove anos. “Era muito moleque quando comecei a dar aulas lá, estava acabando o curso de música na Unicamp [ Universidade de Campinas]”, disse o músico que deu aulas no Clube do Choro, em Paris, enquanto  morava na capital francesa que o acolheu por três anos e à qual retorna duas vezes ao ano para tocar. Em São Paulo, foi professor na Faculdade Santa Marcelina e na EMESP (Escola de Música do Estado de São Paulo), e atualmente leciona na St. Nicholas School.

A experiência como instrumentista de Antunes é grande. O músico já esteve em muitos palcos internacionais e nacionais mostrando seu som. Entre os vários artistas consagrados com quem tocou, destacam-se Johnny Alf (1929-2010), Nelson Ayres Big Band, Fabiana Cozza, Mônica Salmaso, Ivete Sangalo, Rosa Passos, Hermeto Pascoal Big Band, Edu Ribeiro Quinteto, além de integrar diversas formações, acompanhando Maria Schneider, Paulinho da Viola, Moraes Moreira, Dori e Danilo Caymmi, Guinga, Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo, Banda Mantiqueira, Criolo, Mano Brown e Marcos Valle.

O primeiro trabalho autoral de Antunes está registrado em seu primeiro disco, “De Viterbo” (2006), no qual quis mostrar suas origens.“O nome ‘De Viterbo’ é homenagem à cidade de Santa Rosa de Viterbo, onde cresci, estudei e adquiri minha bagagem musical. Esse disco novo, o ‘Expedições’, mostra para onde estou querendo ir, que é um caminho bem diferente do primeiro [CD], calcado no sambajazz”, falou o músico que no recente trabalho apresenta músicas com uma pegada mais para o jazzrock e composições mais intensas e mais pesadas na maneira de tocar.

Segundo o músico, as composições de “Expedições” mostram algumas influências musicais novas. “Demorei a me deixar influenciar por muita gente e por alguns tipos de músicas, por preconceito. Por exemplo, a primeira vez que ouvi o Ibrahim Maalouf [ consagrado trompetista, pianista e compositor franco-libanês], que hoje adoro, achei a coisa mais horrível do mundo. Demorei para ouvi-lo como se deve porque tinha uma outra visão do mundo, da música e da vida. Hoje tenho dois filhos e não vivo mais apenas em meio a músicos, ampliei minhas amizades e gostos.”

O novo CD de Antunes é composto por sete faixas autorais – uma delas, “De Minas”, tem participação da cantora francesa Camille Bertault –, além de  intervenções (vinhetas). Algumas faixas foram compostas ainda quando morava em Paris; outras foram compostas especialmente para o disco, caso da interessante “Indie”. “Estava acabando o disco e percebi que não havia nenhum samba nele. Tenho um amigo, Fabio Pergamini, que morou bastante tempo na Índia. Quando ele voltou de lá, montamos um grupo chamado Mondjazz e usamos muitas escalas indianas, compondo em cima dessas sonoridades. Essa música, especificamente, tem notas da escala maior, mas há cromatismos que não tem nas escalas da música ocidental. E assim é esse samba que não parece um samba, mas para mim é um samba que dá a impressão de que modula,  o que não acontece porque ele está em cima da mesma escala.”

“Terra”, outra composição de Antunes, foi gravada pelo grupo de jazz Pó de Café, mas com outra pegada. “Na versão anterior, mais acústica, temos uma viola caipira. Agora, ela está mais pesada, com baixo elétrico no qual o Bruno [ Barbosa] usa um oitavador, além de uma guitarra e um teclado que dão um preenchimento, com umas dobras.”

Segundo Antunes, quem for ao show irá se deparar com um aumento de amplitude dado por ele à música instrumental, o que possibilitará uma escuta não rotulada. “O som desse disco e desse show não é jazz brasileiro, como as pessoas estão acostumadas a ouvir de mim. Comecei a ouvir rock, o que nunca fazia, de grupos como o Black Sabath e Led Zeppelin, por exemplo. E isso dá para enxergar nas novas composições desse trabalho.”

Ir ao show de Rubinho Antunes, no Sesc Pinheiros, é também antecipar-se musicalmente ao consagrado encontro internacional de músicos Jazz a la Calle 2019, que acontece no Uruguai. É lá que o músico apresenta, no dia 13 de janeiro, esse mesmo espetáculo.

Assista, a seguir, aos vídeos gravados com exclusividade pelo Música em Letras, nos quais o grupo interpreta “De Minas” e “Route Des Lapins”, composições de Rubinho Antunes.

SHOW DE LANÇAMENTO DO CD “EXPEDIÇÕES”

ARTISTA Rubinho Antunes

QUANDO Hoje (31), às 20h30

ONDE Sesc Pinheiros, r. Paes Leme, 195,  Pinheiros, São Paulo, tel. (11) 3095-9400

QUANTO De R$ 7,50 a R$ 25