Dona Velha e o Violeiro é o nome do espetáculo gratuito, para adultos e crianças, com músicas e “causos” que a atriz, cantora, compositora, sanfoneira, escritora e contadora de histórias Cris Miguel e o violeiro, escritor, compositor e contador de causos Paulo Freire realizam ao ar livre neste sábado (4) e domingo (5), na praça do Sesc Pinheiros, em São Paulo.

O Música em Letras conversou com os dois e gravou o sonoro convite que Cris Miguel, ou melhor,  Dona Velha, fez com exclusividade para os internautas (veja vídeo no final do texto).

Artistas consagrados e com sólidas carreiras individuais, Miguel e Freire se encontraram, pela primeira vez em um palco, horas antes de encenarem um número com o Pequeno Coração Caipira, grupo do qual Freire é integrante ao lado de Giba Pedroza, Paulo Bira, Simone Julian, Suzana Salles e André Bedurê. A banda celebra a cultura tradicional caipira e o universo infantil por meio de causos, canções, adivinhas, modinhas, trava-línguas e simpatias.  “A Cris Miguel é um mundo, né? Como essa moça tem munição, né? Ela tem muito recurso para tudo quanto é lado, para atuar, cantar, tocar, construir coisas no palco de maneira muito impressionante e interagir maravilhosamente com adultos e crianças“, disse o violeiro sobre a colega.

Depois dessa apresentação com o grupo, ambos foram convidados, separadamente, para se apresentarem em um festival de contadores de “causos” em Jundiaí, interior de São Paulo. “Como vi que ela ia participar desse mesmo encontro, chamei-a horas antes, combinamos uma história [ “A Corrida do Sapo Com O Veado”] para fazermos juntos, tocando viola e cantando. Fizemos e foi muito bom. O público adorou e nós também”, contou o músico.

Para a atriz, que manipula a boneca Dona Velha, foi o começo de uma parceria que deu muito certo. “Fiquei muito encantada com o trabalho do Paulo porque é arte. Uma arte incrível e muito inteligente. Quando a Dona Velha viu o Paulo Freire, ela falou assim pra ele: ‘Eu tenho impressão que ocê é da minha família. Acho que alguma ligação a gente tem’. Além de eles fazerem parte do mesmo universo caipira, acho que Dona Velha é mesmo parente dele [violeiro Paulo Freire], porque ela é prima de um irmão, de um sobrinho, do cunhado, da irmã, da avó, da neta, da irmã, da vizinha do Paulo Freire. Então, eles tem alguma ligação sim”, contou rindo a atriz.

No espetáculo, a música “Horóscopo – Moda dos Meses”, de Alvarenga (1911-1978), Ranchinho (1912- 1991) e Capitão Furtado (1907- 1979), interpretada por Paulo Freire, busca ajudar dona Velha, que quer se casar. A letra? “Quem ainda não casou / Não se case em janeiro / Que a desgraça desse mês/ Se arrepete o ano inteiro / Não se case em fevereiro / Fevereiro é mês faiado / Quem se casa nesse mês/ Os fios nascem pelados/ Não se case no mês de março/ Nem que seja por decreto / Criança do mês de março / Nasce tudo analfabeto / Não se case no mês de abril / Nem que seja pra ter gozo / Quem se casa nesse mês / Nasce os fios mentiroso / Cuidado com o mês de maio / Não se case nem a muque / Criança do mês de maio/ Já vem dançando batuque / Criança do mês de junho / Nasce tudo com mau cheiro / Já nasce soltando bomba / Desde o berço é fogueiro/ Não se case no mês de julho / Esse mês é perigoso / Criança do mês de julho / Nasce tudo revoltoso / Agosto mês do desgosto / Principalmente para quem ama / Quem nasce no mês de agosto / Faz pipi na cama. Quem casa em setembro / Precisa ter muita sorte / Que as crianças mal dá as caras / Querem independência ou morte / Em outubro seu Colombo / Descobriu um mundo novo / Quem nasce no mês de outubro / Acaba botando ovo. Em novembro seu Deodoro / Provou que tinha tutano / As crianças de novembro / Já nasce republicano / Quem chegou inté dezembro / Vivendo sempre solteiro / Não vai estragar no fim / A sorte de um ano inteiro.

Segundo Cris Miguel, o público curte muito o show porque ele fala direto com as pessoas. “É um resgate para os adultos desse universo caipira, dessas músicas; para criança, é diversão pura porque os personagens são engraçados. O show faz as crianças crescerem com as histórias e os adultos virarem crianças. Eu e o Paulo nos divertimos mais que todo mundo”, disse a multiartista, que narra no espetáculo  histórias como a da “Dona Velha com as Galinhas”, “Dona Velha com a Barata”, e a da “Corrida do  Sapo com o Veado”, esta última contada com um toque de viola tradicional do norte de Minas.

Também não poderia faltar história com o diabo. “Afinal, Dona Velha não entende como é que aquela pessoa magrinha, que é o violeiro Paulo Freire, toca tão bem e de onde sai tudo aquilo de música?”, contou a atriz. É nessa parte do show que o músico relata para Dona Velha – e para o público – como ele fez o pacto com o capeta, o demo, o tinhoso, o coisa ruim e outros nomes.

Assista, a seguir, o vídeo com a personagem Dona Velha convidando e cantando exclusivamente para você, internauta do Música em Letras.

DONA VELHA E O VIOLEIRO

ARTISTAS Cris Miguel (Dona Velha) e Paulo Freire (Violeiro)

QUANDO Sábado (4), às 16h, e domingo (5), às 17h

ONDE Sesc Pinheiros, r. Paes Leme, 195, Pinheiros, São Paulo, tel.(11) 3095-9400

QUANTO Gratuito