Chico Brown mostra sua herança musical
Acontece hoje (1º), no Bourbon Street, em São Paulo, o show do compositor, multi-instrumentista e cantor carioca – e “quase soteropolitano ”-, Francisco Buarque de Freitas, o Chico Brown, 21, que concedeu entrevista para o Música em Letras, ontem (30), no apartamento de sua avó, a atriz Marieta Severo, nos Jardins, na capital paulista (veja vídeos no final do texto).
Filho de Carlinhos Brown e neto de Chico Buarque de Holanda, o músico faz um show de voz e violão, instrumento que alterna, durante o espetáculo, com o piano. O repertório, segundo ele, “está sempre em expansão”. Contudo, serão 22 músicas, algumas com a participação do compositor e percussionista Ariel Oliveira, 29.
Chico Brown estudou produção fonográfica e sempre tocou de ouvido. O piano é seu amigo, brinquedo e instrumento musical desde criança. “No início, tocava sem compromisso. Depois que fui morar no Rio, aos 12 anos, comecei a estudar guitarra aprendendo as escalas e os acordes, que eu conhecia, mas não sabia os nomes”, contou o músico que compõe suas músicas de ouvido, sem noção teórica. “Até hoje, não sei ler partitura. Teoria não é meu forte, só que quando passei meu conhecimento da guitarra para o piano, os modos gregos, as escalas etc, acho que isso foi se firmando um pouco. O piano é um instrumento muito professor, a gente visualiza ali a harmonia e a melodia numa coisa só, o que torna fácil relativizar os intervalos e assimilar musicalmente as informações. Academicamente não tenho background, mas a gente vai formando nossa teoria e nossa forma de ouvir e ver as coisas.”
Perguntado sobre a afirmação feita por seu avô, que diz ser ele o melhor músico da família, o artista deu seu parecer, rindo: “Eu devo ser o mais perdido no mundo da música, provavelmente. Talvez, por ter crescido rodeado disso, com a presença dele e de meu pai, e por lidar com essa dualidade da identidade dos dois, do Rio e de Salvador, do piano e do violão, da poesia e da percussão com batuque… Talvez eu esteja em um conflito musical mais inquieto, nesse primeiro momento, nessa juventude, o que não quer dizer que minha obra se compare ou se equipare a deles de forma alguma, né? Porque são caminhos, propostas e tempos diferentes, com suas similaridades, mas diferentes.”
No show, entre canções próprias e de outros autores, algumas músicas terão versões instrumentais. Entre elas, “Vale da Montanha”, valsa que será apresentada ao piano. Brown faz bastante valsas, como “Massarandupió”, em parceria com Chico Buarque. “Toco essa música só no piano, que foi do jeito que eu fiz antes de meu avô colocar a letra. Depois toco com voz e violão, que é como ela gravada no disco dele [Caravanas].”
Contemplando o ambiente jazzístico do Bourbon Street, o artista interpreta “My Valentine”, de Paul McCartney. “Essa música mostra um lado mais jazzístico do Paul, que trabalha mais com o lance cromático e essas harmonias mais inesperadas. Outra que está nesse pacote do jazz é ‘Morrer de Música’, um blues que começa no Nordeste, numa onda um pouco repentista.”
Sambas também estão no repertório. Entre eles, “She Knows”, com letra em inglês, de sua autoria. “Esse samba fala um pouco do lance de a companheira conhecer o cara mais do que ele mesmo; que você, às vezes, pode encontrar seu autoconhecimento no parceiro ou na parceira.”
Chico Brown espera que as pessoas que forem ao show tenham em mente que seu lado autoral é algo ainda inédito, que está em gestação. Mas o espetáculo também contempla músicas para quem gosta das composições de Carlinhos Brown, Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil. “Vou homenagear as figuras mais tradicionais da nossa música, além de mostrar um pouco das minhas canções”, falou o compositor que interpretará, entre outras, “Velha Infância”, dos Tribalistas, “Homenagem ao Malandro”, de Chico Buarque, e “Eu”, de Paulo Tatit.
Assista ao vídeos, a seguir, nos quais Chico Brown convida o internauta do blog para assistir ao seu show, e interpreta “Massarandupió”, dele e de Chico Buarque.
SHOW CHICO BROWN
QUANDO Hoje (1°), às 21h
ONDE Bourbon Street, r. dos Chanés, 194, Moema, São Paulo, tel. (11) 5095-6100
QUANTO R$ 50,00