Maior projeto de circulação musical do país completa 20 anos
Há 20 anos o Sonora Brasil é exemplo de que projetos, mesmo edificados sobre o solo movediço das conjunturas do país, se trouxerem consistência podem se consolidar.
Prova disso é que acontece hoje (26), em Recife (PE), o lançamento da edição 2018 do Sonora Brasil, projeto musical do Sesc, que completa duas décadas de existência rodando pelo país. Mantendo-se como a maior iniciativa brasileira de circulação musical, o Sonora Brasil deste ano é acompanhado por uma exposição inédita e interativa, a Experiência Sonora Brasil, que faz o registro do projeto, além de promover um total de 372 concertos em 97 cidades brasileiras.
Consistente, grande e único, o Sonora Brasil já realizou 5.726 apresentações de 85 grupos de diferentes gêneros musicais, em mais de 150 cidades brasileiras, alcançando 600 mil espectadores. “Há 20 anos, o Sonora Brasil cumpre o importante papel de despertar o interesse para a música produzida fora dos grandes eixos, divulgando um panorama amplo e diversificado de expressões musicais que abrange todas as regiões do país. Com essa proposta, buscamos estimular um olhar crítico sobre a produção e os mecanismos de difusão da música no país e também contribuir para a formação de plateias”, disse Gilberto Figueiredo, analista de cultura do Departamento Nacional do Sesc. “Outra característica do Sonora Brasil é que todas as apresentações são acústicas, valorizando a qualidade sonora das obras e de seus intérpretes”, completou Figueiredo.
EXPOSIÇÃO E SHOW
A exposição que abre o evento apresenta a diversidade da música brasileira exibida desde a primeira edição do Sonora Brasil, utilizando recursos audiovisuais, instrumentos, depoimentos e documentos. O concerto de lançamento da nova edição do projeto será no dia 28, em Recife, com apresentações dos grupos União Josefense e Coco de Tebei.
A Sociedade Musical União Josefense, sediada na cidade de São José, na Grande Florianópolis, foi fundada em 1876. Formada por 28 músicos, tem repertório variado, que transita por arranjos e adaptações de música popular e erudita, mas também domina repertórios tradicionais que envolvem hinos, marchas, dobrados e músicas ligadas a festividades religiosas.
O Coco de Tebei, cantado por mulheres e dançado por casais, é praticado por um grupo de agricultores e tecelões da comunidade Olho D’Agua do Bruno, na cidade de Tacaratu, Pernambuco. O grupo não utiliza instrumentos e a base rítmica é marcada pela pisada dos dançadores. A cantoria do rojão, associada ao uso da enxada na preparação da terra para o plantio também é executada pelo grupo.
CONCERTO E RODA DE CONVERSA
Faz parte também da programação, mas em Maceió (AL) – cidade que abrigou a primeira edição do Sonora Brasil -, um concerto especial e uma Roda de Conversa. O show conta com o grupo Quadro Cervantes, que se apresentou na primeira edição, há 20 anos, no mesmo dia programado para este ano, 2 de maio.
A Roda de Conversa, que acontece no dia 3, conta com profissionais da área de Cultura do Sesc, e mais sete convidados que participaram do projeto ao longo dos anos. Entre eles, Seu Nelson da Rabeca, que participou de duas edições do Sonora Brasil, e é um dos mais importantes representantes da cultura musical de tradição; Regineide Rosa, que circulou pelo projeto com o grupo Destaladeiras de Fumo de Arapiraca; Richard Serraria, músico gaúcho, líder do grupo Alabê Ôni; Letícia Bertelli, musicista mineira; Wagner Campos, musicólogo; José Amaro, professor de História na Universidade Federal de Pernambuco; e Mário Orlando, mestre em música antiga.
ABORDAGENS TEMÁTICAS
As abordagens temáticas enfocadas no biênio 2017 e 2018 são “Na pisada dos cocos” e “Bandas de música: formações e repertórios”, cada uma delas desenvolvidas por quatro grupos. Em 2018, os grupos invertem os roteiros e estados por onde se apresentaram em 2017, de forma que todos circulem pelas cinco regiões do país.
O tema “Na pisada dos cocos” circulará pelos estados do Centro-Oeste, Sul e Sudeste brasileiro com os grupos Coco de Zambê (RN), Samba de Pareia da Mussuca (SE), Coco do Iguape (CE) e Coco de Tebei (PE). Os artistas apresentam variantes da musicalidade típica da região Nordeste (litoral e interior), oriundas de aldeias indígenas e comunidades quilombolas, trazendo cantos, danças e músicas, acompanhados por instrumentos de percussão como caixa, ganzá, bumbo, e pandeiro.
Já o tema “Bandas de música: formações e repertórios” segue pelos estados das regiões Norte e Nordeste. Quatro formações distintas de bandas foram selecionadas: três representando os grupos tradicionais de ruas e praças, e um representando o segmento da música de concerto, com repertório inspirado na sonoridade das bandas. Entre eles, Corporação Musical Cemadipe (GO), Banda Manauense (AM), Sociedade Musical União Josefense (SC) e Quinteto de Metais da UFBA (BA).
A seleção dos grupos, assim como e a definição das temáticas, são realizadas por uma curadoria de profissionais do Sesc de todo o país.
EXPOSIÇÃO EXPERIÊNCIA SONORA BRASIL
ONDE Sesc Casa Amarela, av. Norte Miguel Arraes de Alencar, 1190, Mangabeira, Recife,( PE)
QUANDO De 27 de abril a 29 de junho, de 9h às 19h
QUANTO Gratuito
CONCERTO DE ABERTURA SONORA BRASIL 2018
ONDE Teatro Barreto Junior, r. Est. Jeremias Bastos, Pina, Recife, (PE)
QUANDO Dia 25 de abril, às 20h
QUANTO Gratuito
CONCERTO COMEMORATIVO 20 ANOS SONORA BRASIL
ONDE Teatro Deodoro, praça Marechal Deodoro, s/n, centro, Maceió (AL)
QUANDO Dia 2 de maio, às 20h
QUANTO Gratuito
RODA DE CONVERSA
ONDE Complexo Cultural Teatro Deodoro, praça Marechal Deodoro, s/n , centro, Maceió (AL)
QUANDO Dia 3 de maio, às 15h
QUANTO Gratuito