Show de Almério na sexta-feira 13 trouxe sorte

O show do ator, cantor e compositor pernambucano Almério, que aconteceu na última sexta (13), no Sesc Belenzinho, em São Paulo, fez jus à data, pois foi um horror. O artista, que teve sua voz acompanhada por baixo, percussão, percuteria (bateria com percussão), e guitarra para apresentar o repertório de seu disco “Desempena” – um dos melhores discos lançados em 2017-, horrorizou a mesmice, caretice e o disse me disse. A começar por desmistificar a data, pois quem esteve no show de ontem só teve sorte.

Juliano Holando e Almério
Juliano Holanda, ao fundo, e Almério (Foto: Carlos Bozzo Junior/Folhapress)

Sorte de assistir ao espetáculo de um artista com uma banda que o ‘veste’ perfeitamente, como seu figurino, e que com ele o faz alçar voos imensos, embora seu som seja “terral”, como costuma definir o próprio Almério. A terra, o chão, a areia, o aboio, as raízes, o mato, o céu, o pife, o protesto, o amor, o suingue, o ritmo e o escambau estão há muito embrenhados nesse ser iluminado de musicalidade, gestualidade e sensibilidade, que nasceu em Altinho, mas tem Caruaru como local de seu parto artístico.

Almério, à frente, o baixista Eduardo Slap e o percuterista Marconiel Rocha (Foto: Carlos Bozzo Junior/Folhapress)

O Música em Letras esteve na pista de onde decolou o terráqueo pássaro (veja vídeos com trechos do show no final do texto) e conversou com algumas pessoas do público antes e depois do espetáculo, incluindo a cantora Ceumar, que foi homenageada por Almério durante a sonzeira misturada com muita poesia e performance.

Philipe Moreira Sales e Almério
Philipe Moreira Sales, ao fundo, e Almério (Foto: Carlos Bozzo Junior/Folhapress)

“O carisma, a naturalidade, o trabalho visceral e a verdade dele encantam demais. É tudo muito único, não consigo comparar com nada. Vejo algumas influências, mas acho que ele é inteiro. O Almério expressa uma arte pelo corpo inteiro, pela alma e pela voz. Sou fã dele. Ele e a banda são descompromissados, pois não vejo eles fazerem música para o mercado. Fazem o que querem e fazem muito bem”, disse a cantora e compositora que conhece Almério há oito anos e participou do primeiro disco do artista.

Almério e banda
Almério e banda (Foto: Carlos Bozzo Junior/Folhapress)

A banda de Almério, formada por Ana Paula Silva (percussão), Juliano Holanda (guitarra, arranjos e direção musical), Marconiel Rocha (percuteria), Philipe Moreira Sales (flauta e pífanos) e Eduardo Slap (baixo) é muito mais do que apenas uma banda, é parte dele. Coesão é a palavra de ordem. Sonzeira, a lei.

A pegada de Almério é definida por Indira Gonçalves Facho, 23, que tem formação em teatro – “em palhaço”- e assistiu ao show que define como uma “MPB mista, porque tem uma coisa cultural muito forte brasileira com pop. Para a artista circense, “Tatoo de Melancia”, primeira música que conheceu na voz de Almério, deixa a impressão para quem a escuta de ser uma “outra coisa”, mas dessa vez “uma coisa muito forte, muito forte mesmo”. “É uma música simbólica, não linear, mas acaba pegando a gente bem pelo lado pessoal, sem precisar explicar” (veja vídeo no final do texto).

Antonio José Alves, 56, paulistano, bancário aposentado que também assistiu ao show, conheceu Almério via internet antes de assistir a duas apresentações do artista, também no Sesc. “Fui e me apaixonei. Os shows e os discos dele são maravilhosos. Gosto muito da música ‘Eu não sou do Amor’, que mostra uma pessoa desiludida do amor, e me toca bastante. Gosto de todas as outras também, e ele no palco é extraordinário”, disse o fã que no final do espetáculo recebeu do artista um largo, franco e carinhoso sorriso ao vê-lo na plateia, chamando-o pelo diminutivo “Antoninho”.

Depois do show, Almério desceu do palco e no chão (habitat de onde parece observar as almas das pessoas e recebe estímulos para escrever suas composições) cumprimentou, falou, tirou fotos, sorriu, gargalhou, riu, beijou e abraçou a todos que, de alguma forma, o solicitaram buscando, além de alguma dessas coisas, apenas um olhar em retribuição ao respeito, à admiração e ao encanto diante de um artista completo. Um artista que tem o pé no chão, mas voa com sua arte, o que faz as bruxas temerem na mesma proporção em que Deus inveja a morte.

Assista aos vídeos a seguir.

Trecho com o cantor e compositor Almério cantando de sua autoria “Tatoo de Melancia”, no show que realizou na última sexta-feira (13), em São Paulo, no Sesc Belenzinho.

Trecho com o cantor e compositor Almério cantando”Segredo”, de Isabela Moraes no show que realizou na última sexta-feira (13), em São Paulo, no Sesc Belenzinho.

SHOW DO CD “DESEMPENA” 

ARTISTA Almério

AVALIAÇÃO Ótimo