Laércio de Freitas lança em CD vinil raro
Acontece hoje (1º/12), no Sesc Pinheiros, em São Paulo, o show em comemoração aos 45 anos do disco “Laércio de Freitas e o Som Roceiro” (1972), com o pianista, maestro e ator Laércio de Freitas, 76, conhecido como Tio, autor do raro vinil.
O LP, quando encontrado, é vendido por preços astronômicos, tanto no Brasil quanto no exterior. “Soubemos, de um rapaz que pagou, aqui no Brasil, mil reais pelo disco. Eu só tenho um. Ganhei de um cara que comercializa vinil na Vila Madalena. Pedi mais um, para comprar, mas ele disse que não encontra”, disse o músico em entrevista ao Música em Letras.
Perguntado porque decidiu relançar o disco, que tem participação do saxofonista Paulo Moura (1932-2010), o artista respondeu: “Depois dos 60, não tem mais depois. Tenho 76, não vou esperar o disco completar 50 [anos]”.
Segundo Freitas, o disco gravado em dois dias “da maneira mais natural possível” nasceu da música “Capim Gordura”, sucesso dos anos 1970, mas composta em 1969, quando estava no México, tocando com o Tamba 4, em substituição ao pianista Luiz Eça (1936-1992).
Gravada em 1971, inicialmente em um compacto simples que tinha no outro lado “Chovendo na Roseira”, de Tom Jobim (1927-1994), a música estourou no rádio, na TV e na boca do povo. O baterista do Tamba Trio, Helcio Milito (1931-1914), foi quem teve a ideia de gravá-la, após perceber que toda vez que era tocada na extinta boate Flag, do Rio de Janeiro, a música “causava”. “Fomos ao programa do Chacrinha várias vezes, e isso alavancou o trabalho, espalhou que nem praga”, disse o compositor que com o primeiro dinheiro recebido pela composição comprou um carro: “Um Fusca usado, mas era um carro.”
Por ter formação erudita – Freitas estudou piano em Campinas, no Conservatório Carlos Gomes, graduando-se em 1957 -, o disco com pegada bem-humorada e popular foi considerado “uma ousadia para a época”. “Esse disco incomodou muita gente.
Fazemos bem uma coisa quando não temos de pensar para fazer. E o disco é bom até hoje”, disse sobre o vinil com quatro músicas instrumentais, em meio a sucessos cantados como “Mammy Blue”, além de “Chuva Suor e Cerveja”, de Caetano Veloso.
O show marca o lançamento em CD do trabalho, que traz na nova mídia duas faixas extras, inéditas: “Turmalina”, de Luiz Ceará, interpretada pela filha do maestro, a atriz e cantora Thalma de Freitas, e “Bosque de Jequitibá”, um choro de Freitas, que conta com a participação do multi-instrumentista Arismar do Espírito Santo.
O artista, que atuou nas novelas “Mulheres Apaixonadas” e “Viver a Vida”, na rede Globo, acaba de voltar do Rio Grande do Sul, onde participou da filmagem de um comercial para TV. “Atuar é uma proposta que eu obedeço. Músico eu sou, ator eu estou”, disse.
Para quem for ao espetáculo, que tem participações especiais de Max de Castro e da cantora Adriana Godoy, o músico avisa: “Espero que as pessoas compareçam desarmadas, pois esse show está pensado para ser um painel de minhas músicas, que eu ofereço às pessoas, sem nenhuma pretensão, além de fazer música.”
No palco, o pianista é acompanhado por Shen Ribeiro e João Poleto (flautas), Júnior Alves (violão de seis cordas), Hércules Gomes (piano elétrico), Hurgo Paulino (contrabaixo elétrico), Celso de Almeida (bateria) e Cleber Almeida (percussão). Além de tocar piano e cantar, Freitas assina os arranjos, a direção do espetáculo, além do CD que estará à venda por R$35.
Assista, a seguir, o vídeo no qual o pianista toca “Turmalina”, uma das músicas do show, com exclusividade para o Música em Letras.
SHOW LANÇAMENTO DO CD “LAÉRCIO DE FREITAS E O SOM ROCEIRO”
ARTISTA Laércio de Freitas, Max de Castro e Adriana Godoy
QUANDO Hoje, sexta-feira (1º/12), às 21h,
ONDE Sesc Pinheiros, r. Pais Leme, 195, Pinheiros, São Paulo, tel. (11) 3095-9400
QUANTO De R$12 a R$40