EMESP, em crise, encerra hoje processo seletivo

Carlos Bozzo Junior
(Foto: Carlos Bozzo Junior)

Hoje (27) é o último dia para se inscrever gratuitamente e participar do processo seletivo 2018 da EMESP ( Escola de Música do Estado de São Paulo) Tom Jobim, que teve seu orçamento reduzido em cerca de R$ 4,4 milhões.

Na instituição, cursos gratuitos de música erudita e popular são oferecidos por profissionais experientes e com carreiras brilhantes. Talvez este seja o maior diferencial desse aparelho do Estado, ou seja, abarcar gente experiente, talentosa e capaz de transmitir para o cidadão a realidade teórica e prática existente na escolha de quem quer se tornar um profissional dessa área. Além disso, o convívio entre músicos, professores e alunos do popular e do erudito rompe a “Faixa de Gaza” entre os dois gêneros, estabelecendo uma rica troca artística.

O Música em Letras esteve na instituição, na última quarta-feira (22), para realizar uma outra pauta para o blog e, ao ouvir várias reclamações de alunos e professores sobre o corte orçamentário que a EMESP está sofrendo, procurou o diretor artístico-pedagógico da EMESP, Paulo Roberto Ferraz Von Zuben, no intuito de entrevistá-lo.

Diante da impossibilidade de sermos recebidos naquele momento – o diretor estava em reunião e atendendo uma demanda grande de solicitações, pois viaja para Nova York no dia 29 -, marcou-se uma entrevista para hoje (27). No entanto, nosso encontro foi desmarcado por telefone, por Bárbara Carnaval, assessora de direção pedagógica, alegando que o diretor só irá se pronunciar após a reunião que terá no dia 15 de dezembro, com a Secretaria de Cultura.

O blog conversou com alunos e músicos da instituição. Entre eles, com o violonista, concertista, compositor, arranjador e professor de violão erudito, Chrystian Dozza, que dá aulas na EMESP desde 2009. “O mais importante dessa escola é que ela dá oportunidade de se aprender música com músicos excelentes e gratuitamente. Acho que 70% dos alunos não têm condições de pagar cursos ou aulas particulares de música”, disse o professor que atende a cerca de 20 alunos anualmente.

Dozza acrescenta: “O mais lamentável é que a escola chegou, nos últimos anos, em seu melhor momento com relação a parte pedagógica, conteúdo, eventos e cursos livres para atender os talentos que se candidatam a uma vaga. Esse foi um trabalho desenvolvido por anos que dependendo do desenrolar dessa situação poderá ser perdido da noite para o dia.”

Alunos e professores se mobilizam nesse momento pela internet para socorrer a escola. Entre uma das ações, está o envio de e-mails, cujo conteúdo está reproduzido a seguir, sem os endereços de hashtag ou de facebook, para alunos, professores e simpatizantes da EMESP.

“Você aluno, professor, pai, mãe e amigo da EMESP:
– Poste e compartilhe textos, fotos e vídeos com a hashtag #XX, contando sua experiência com a EMESP.
– Escreva por mensagem e nos comentários das seguintes páginas. Queremos incomodar para que saibam o quão importante é a nossa escola.
No final segue um modelo de texto a ser utilizado. É essencial mostrar a importância da EMESP e questionar as diminuições nos orçamentos da cultura e da EMESP, mas sempre com respeito.
“Somos alunos, professores, pais e amigos da escola de música EMESP Tom Jobim, criada e mantida pelo governo do estado. Nos últimos anos tem havido uma redução sistemática do orçamento da escola, com consequências como: redução de vagas, extinção de grupos, e outras medidas que dificultam o acesso à música e à cultura, não só nosso mas de toda a sociedade. Estima-se que cerca de 13.000 pessoas procuram ingressar a EMESP anualmente, mas apenas 200 conseguem, pois a escola não possui os recursos financeiros e humanos para atender essa demanda. Precisamos de sua ajuda para que a nossa escola continue fazendo a diferença em SP!”

Inscrições e informações para inscrições gratuitas no site www.emesp.org.br