Ed Motta estreia o Baile do Flashback
O cantor e compositor Ed Motta, 46, estreia hoje (28), no Bourbon Street, em São Paulo, o show Baile do Flashback, com músicos da pesada sob o comando, nos arranjos e no piano, do diretor musical Michel Lima.
O Música em Letras esteve com o compositor e o entrevistou, além de gravar a vinheta de uma das músicas do show (veja vídeo no final do texto), que reúne, na potente e suingada voz de Motta, clássicos internacionais e de sua autoria.
Entre os hits, artistas e grupos do soul e do funk dos anos 1970 e início dos 1980 lembrados no espetáculo estão “Living Inside Myself”, com Gino Vannelli; “On The Beat”, com BB&Q Band; “Let’s Stay Together”, com Al Green; e “A Night To Remember”, de Shalamar, além da baladona “Take Me Now”, de David Gates, compositor da banda Bread.
É claro que sucessos de Motta também fazem parte do baile, provando que reminiscências podem trazer o passado, mesmo que ainda recente, de volta, mas de roupa nova e muito suingue, caso de composições como “Colombina”, “Fora Da Lei”, “Manoel”, “Vendaval”, “Tem Espaço Na Van”, entre outras.
O músico completa 30 anos de carreira em 2018. “Costumo contar meu tempo de carreira a partir do ano de lançamento do meu primeiro disco [“Ed Motta & Conexão Japeri”, 1988], mas se eu pensar em meus primeiros shows e apresentações tenho mais tempo”, falou o artista.
Sobre o show, Motta disse que as músicas inseridas no repertório são as grandes responsáveis por seu trabalho como instrumentista e cantor. “Minha voz e minha maneira de cantar estão intrinsecamente ligadas a essas composições. Claro que depois descobri o jazz, música clássica, trilhas e fui estudar música. Mas o início está aí. Esse é o meu embrião”.
Motta ressaltou principalmente uma delas, “Can’t Hide Love”, música importante no repertório da banda Earth, Wind And Fire, lançada pelo grupo Creative Source. “Posso dizer que virei cantor por causa dessa música. Ficava ouvindo isso quando era muito novo, mas sabia que essa era a música que eu queria fazer. Estava muito claro para mim.”
Pelo repertório percebe-se que o show tem a pretensão de ser mais pop do que as usuais apresentações de Motta. É o artista que explica: “Ando bastante afastado dessa estética pelos discos e shows que tenho feito, que tem um flerte com a música popular, mas sem um compromisso de me comunicar com uma audiência a todo momento. Enfim, queria fazer um show que fosse um pouco mais pragmático nessa questão de repertório, de fazer algo que se comunica imediatamente com as pessoas.”
O time que acompanha o cantor nessa empreitada é forte. Clerverson Silva que, segundo Motta, é um superexpoente na bateria gospel. “Ele tem mais seguidores no Instagram do que eu”, falou rindo o artista sobre um dos integrantes da banda que se completa com Fernando Rosa, no baixo, Michel Lima, no piano elétrico, e Thiago Arruda, na guitarra. “O Thiago é incrível. Ele é do Espírito Santo. Um cara inventivo, que toca numa onda do blues, mas com aventuras harmônicas como fazem o Larry Carlton e o Robben Ford, mas se pinta um acorde com uma sétima maior, o cara sabe o que fazer”, disse Motta que neste show usa apenas a voz como instrumento.
VOZ LIMPA
Desde 1999, Ed Motta não faz um show no qual só canta e fica de pé o tempo inteiro. “É curioso, mas quero saber se vou aguentar, porque é cansativo. Lembro que, antigamente, doía meu pé. Quero ver agora que estou muito mais gordo, mais pesado”, disse o artista, acrescentando não saber quantos quilos tem.
Perguntado quando foi a última vez que se pesou, Motta revelou que foi há muito tempo, antes de uma cirurgia para retirada de um pólipo nas cordas vocais, procedimento repetido anos depois. “Tinha perdido meus agudos. Não conseguia mais dar os falsetes. Depois dessa primeira operação, em 1997, minha voz abriu completamente.”
Segundo o cantor, o problema foi de cunho emocional. Mas ele também reconhece a questão do mau uso das cordas vocais, fato que atinge a maioria dos cantores, principalmente o pessoal de ópera. “Pesquisei bastante e diziam que eu tinha de ter fonoaudióloga e não sei o que mais, mas mesmo com tudo isso teria de ser operado, então operei.”
A segunda intervenção cirúrgica aconteceu em 2013. “Depois de muito tempo com a voz limpa, fiquei rouco. Foi stress. Estava fazendo meu disco ‘AOR’, que acho que é meu melhor trabalho, embora tenha encontrado muita dificuldade para lançá-lo no Brasil. Consegui uma coisa bacana no mercado europeu, com um contrato para lançar o disco, com uma distribuição legal, e passei a fazer muitas turnês.
Nunca toquei tanto fora do país, eram de cinco a seis turnês por ano, na Europa. Claro que montei uma banda lá e isso ajudou, pois era um empecilho levar todo mundo daqui. Mas eu estava muito tenso emocionalmente e completamente envolvido. Nos últimos quatro anos sobrevivo praticamente do mercado europeu. Hoje o que paga minhas contas é o meu trabalho nesse mercado.”
Uma semana após ser operado, Motta já estava cantando, e novamente com a voz limpa. “Se eu soubesse teria operado antes, pois fiquei melhor. Quem usa muito a voz está propenso a isso”, falou o cantor explicando que um calo vocal é diferente de um pólipo: “Um calo é a frente do pólipo. Acho que o calo é um pólipo que não é curado. Mas tem gente que consegue lidar com esse elemento dentro da voz. O Rod Stewart tem não sei quantos pólipos nas cordas vocais, mas ele usa isso a favor dele, ele quer a rouquidão. Diferente de mim que quero o timbre da voz limpo”.
Confira no vídeo a seguir uma pequena demonstração do que o cantor tem a oferecer para quem for ao baile de hoje à noite.
SHOW BAILE DO FLASHBACK
ARTISTA Ed Motta e banda
ONDE Bourbon Street, r. dos Chanés, 127, Moema, São Paulo, tel. (11) 5095-6100
QUANDO Hoje (28), às 22h30
QUANTO De R$ 85 a R$ 150