Sonora Brasil 2017 soa bem
Tem início na próxima quarta-feira (24), no Sesc Palladium, em Belo Horizonte, com as apresentações dos grupos Samba de Pareia da Mussuca (SE) e Quinteto de Metais da UFBA (Universidade Federal da Bahia), a 20ª edição do Sonora Brasil, o maior projeto brasileiro de circulação musical, promovido pelo Sesc.
Com duração de dois anos a cada edição, o projeto passa pelas cinco regiões do país visando a formação de novos ouvintes, divulgando artistas que trabalham com músicas não comerciais, além de valorizar a cultura regional. Em 19 edições, por meio do Sonora Brasil, 80 grupos realizaram 5.319 apresentações para cerca de 520 mil espectadores.
Cada nova edição do projeto apresenta dois temas. Os de 2017/2018 são “Na pisada dos cocos” e “Bandas de Música: formações e repertórios”. São 420 concertos de música regional, realizados através de apresentações acústicas em 108 cidades, incluindo municípios fora dos grandes centros urbanos.
O tema “Na pisada dos cocos” circulará inicialmente pelos estados do Norte e Nordeste com os grupos Coco de Zambê (RN), Samba de Pareia da Mussuca (SE), Coco do Iguape (CE) e Coco de Tebei (PE).
O tema “Bandas de Música: formações e repertórios” passa, inicialmente, pelos estados das regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste. Para representá-lo, quatro formações diferentes de bandas foram selecionadas, das quais três representam os grupos tradicionais de ruas e praças, e uma representa o segmento da música de concerto. O repertório é inspirado na sonoridade das bandas. Fazem parte a Corporação Musical Cemadipe (GO), A Bandinha (AM), Sociedade Musical União Josefense (SC) e Quinteto de Metais da UFBA (BA).
Em 2018, os grupos invertem os roteiros de apresentações no intuito de que todos circulem pelas cinco regiões do Brasil. A seleção dos grupos, assim como a definição dos temas, são realizadas por uma curadoria nacional, formada por profissionais do Sesc de todo o país.
O Música em Letras entrevistou dois violeiros, Paulo Freire e Levi Ramiro, participantes da edição 2015/2016 do Sonora Brasil, que teve como temas Sonoros Ofícios – Cantos de Trabalho e Violas Brasileiras.
A relevância de um projeto dessa monta é revelada por Levi Ramiro e Paulo Freire que percorreram, em dois anos de apresentações, 120 cidades de todos os estados brasileiros. Ambos representaram, as violas caipiras e do sertão do sudeste.
Para Freire, a importância desse projeto vai além de mostrar sua arte, mas em ampliá-la. Paulo tem por hábito, e gosta muito, de viajar. Fã incondicional de Mário de Andrade (1893-1945), Inezita Barroso (1925-1915) e Câmara Cascudo (1898-1986), fez, como seus reverenciados, um diário de bordo, a partir do início de suas apresentações pelo país. A coisa ficou tão boa, que virou livro, já em avaliação por uma editora.
“Tivemos um conhecimento de Brasil que eu nunca poderia imaginar. Isso foi muito importante. Somos beneficiados, pessoalmente e como artistas, conhecendo um público diferente em cada lugar”, disse Freire.
Para Ramiro, a experiência foi desafiadora e “do além”. Segundo ele, na cidade de Triunfo, Pernambuco, ambos tocaram dentro de uma igreja. “A viola trafega entre o profano e o religioso, mas tocar no púlpito, dentro de uma igreja, intimida. E como fica falar do pacto com o “coisa ruim”? Tocamos em outra Igreja em Santa Catarina e foi igual”, contou o músico, referindo-se ao mito de que alguns violeiros que tocam bem fizeram pacto com o diabo.
O Sonora Brasil parece ter firmado seu som por meio de um pacto não com o “coisa ruim”, mas com a “coisa bem feita”.
LANÇAMENTO NACIONAL DA NOVA TEMPORADA DO CIRCUITO SONORA BRASIL
QUANDO Próxima quarta-feira (24), às 20h
ONDE Teatro Sesc Palladium, r. Rio de Janeiro, 146, Belo Horizonte.
QUANTO Gratuito