Em show, Cecília Leite mostra ser do ramo

Carlos Bozzo Junior
A cantora e compositora Cecília Leite e o violonista Tadeu Ramos (Foto; Carlos Bozzo Junior)
A cantora e compositora Cecília Leite e o violonista Tadeu Ramos (Foto; Carlos Bozzo Junior)

Acontece amanhã (24) o show de lançamento do CD “Enquanto a Chuva Passa”, da maranhense Cecília Leite, 42, cantora, compositora, bailarina, mais uma pá de coisas que dão à ela o direito de ser adjetivada como multiartista. Cecília Leite é do ramo.

O Música em Letras esteve com a artista no hotel em que está hospedada, em São Paulo, e a entrevistou, além de registrar dois vídeos nos quais a cantora gentilmente gravou, com exclusividade para o blog, “Enquanto a Chuva Passa”, composição de sua autoria e elogiada por Chico Buarque, além de “Palavra Acesa”, de Fernando Filizola e José Chagas e “Traduzir-se”, de Fagner e Ferreira Gullar (1930-2016).

Leia, a seguir, a entrevista em que Cecília, que atuou vários anos no telejornalismo- só na Rede Globo foram cinco- e em programas de variedades, conta como saiu dessa praia e enveredou pelo ramo da música. No final do texto, assista aos vídeos e perceba na voz e na interpretação de Cecília, a arte de cantar, encantar e seduzir.

GÊNESE

Taurina, Cecília Maria da Costa Leite se apresenta com graça e desenvoltura como cantora e jornalista, mas mostra desconforto ao revelar a idade.“Ih, isso aí eu já não gosto. Acho que é indispensável essa informação”, disse a mulher com feições de moça, antes de cochichar: “Quarenta e dois”. E depois de soltar uma bela gargalhada, completar: “Mas, com corpinho de 20, tá bom?”

O pai da bem-humorada artista cantava no Coral do Maranhão. “Ele era um tenor, passava o tempo todo cantando óperas, em casa. Eu nasci e fui criada escutando muita música clássica. Meu pai tem uma coleção gigantesca de discos de música clássica, e o balé fez com que eu tivesse mais contato com vários compositores”. Na discoteca da família não faltavam clássicos como Heitor Villa-Lobos (1887-1959), Carlos Gomes (1836-1896), Mozart (1756-1791) e Tchaikovsky (1840-1893), entre outros. A mãe, uma soprano, “tem uma voz linda e canta muito bem. Ela canta em um coral de canto gregoriano na capital maranhense”, completou.

Cecília é soprano, com controvérsias. “Minha professora de canto diz que sou soprano coloratura, que é o tom mais alto dos sopranos. Mas, já desenvolvi o mezzo [voz feminina mais comum, intermediária entre o soprano e o contralto] e até contralto [voz feminina mais rara, mais baixa nos graves] eu faço. Tenho uma amplitude muito grande de voz”, falou a artista que prefere cantar MPB em uma única região, mezzo.

Jurandy Leite, 82, o pai, foi diretor da Rádio Timbira, no Maranhão, e ganhava muitos discos de vinil que ofertava à filha. Pelo prato da vitrolinha, que Cecília tinha aos 5 cinco anos, rodaram Cauby Peixoto (1931-2016), Ângela Maria, Gal Costa, Caetano Veloso, Novos Baianos, Secos e Molhados e Rita Lee, entre vários. “Me lembro muito da música ‘Irene’, que tinha aquilo do sorriso e eu amava”, falou a artista sobre a composição de Caetano Veloso, lançada em 1969, onze anos antes de Cecília ter nascido.

Histórias infantis, gravadas em disquinhos coloridos, foram todas decoradas por Cecília: “Há muitos e muitos anos, em um majestoso castelo distante, vivia um nobre senhor em companhia de sua filha, Cinderela. Certo dia…Enfim, eu sei todas.”

A cantora maranhense Cecília Leite e o violonista Tadeu Ramos em entrevista ao Música em Letras(Foto: Carlos Bozzo Junior)
A cantora maranhense Cecília Leite e o violonista Tadeu Ramos em entrevista ao Música em Letras(Foto: Carlos Bozzo Junior)

ESTUDOS MUSICAIS

Aos quatro anos, a artista ingressou na Escola de Música do Estado do Maranhão Lilah Lisboa de Araújo, onde participou de bandas mirins tocando reco-reco, agogô, entre outros instrumentos de percussão, e soltando a voz em corais durante quatro anos. Com sete anos, iniciou os estudos de piano na instituição que duraram um ano. As aulas passaram a ser particulares, em casa, durante mais cinco anos. “Fiz teoria musical, solfejo, leio partitura e isso fez com que eu começasse a estudar violão, mas abandonei porque não fiquei à vontade, queriam cortar minha unhas”, contou rindo.

O piano foi abandonado por uma razão simples. “Tive três professoras. A última era má e meio chata. Quando eu errava ela dizia, me dando um cascudo na cabeça, ‘Não é assim!’, e eu não gostava. Não falava nada, porque achava que ela tinha direito, mas ficava com muito medo de errar e isso me dava insegurança. Aí, decidi que não queria mais porque arte para mim é para ter prazer.” A experiência que a artista tem com o balé, que também a acompanha desde seus quatro anos de idade, assegura isso. “Me formei em balé clássico com 21 anos. Eu ia [às aulas] para me divertir e não porque me mandavam. Tinha prazer em dançar.”

No colégio Baptista em que estudou em São Luís, aos sete anos fazia parte do coral. “Não sou batista, mas cantei bastante no coral. Lembro que era bem pequena ainda porque a professora falou ‘Também, filha de peixe’ e eu não sabia o que ela queria dizer com aquilo. Deduzi que era porque meu pai cantava, porque ele não era um peixe, né?”, contou gargalhando.

CANTORA E ARTISTA

Na adolescência, a moça mergulhou na MPB. A razão? Um namorado. “Comecei a me interessar por um menino que conhecia muito MPB; ele acabou sendo meu primeiro namorado. Ele não gostava que ouvíssemos músicas norte-americanas, era aculturação.” Ele tocava algum instrumento ou cantava? “Não, ele era todo metido a intelectual e eu sempre fui CDF e metida a intelectual, porque sempre estudei muito. Aí, queria impressioná-lo, e como sempre quis fazer tudo muito bem feito comecei a estudar muito a MPB. Memorizei entre 800 e mil canções da MPB para mostrar a ele que eu sabia”, contou a artista que compulsivamente passou a se inteirar sobre compositores brasileiros, suas obras e suas vidas.

Cecília percebeu ter facilidade para cantar músicas gravadas por Gal Costa. “Eu adorava cantar e atingia agudos altíssimos, mas não atentava para o fato de que eu poderia abraçar o canto como uma carreira. Mesmo assim, voltei para a Escola Estadual de Música e fui ter aulas de canto porque aquilo me dava muito prazer”, contou Cecília que estudou mais dois anos na instituição, completando o aprendizado com mais dois anos de aulas particulares, além de uma breve passagem de seis meses em uma conservatório no Rio de Janeiro.

Tudo antes de se tornar aluna de uma prima-dona portuguesa, Antonieta Bregan, professora de canto considerada uma das maiores intérpretes da música de Villa Lobos. “Ela adorou minha voz e me deu dois anos de aula de graça. Isso foi no Brasil, mas já fui a Portugal ter mais aulas com ela com quem estudo há quatro anos”, disse a artista que só tem essa professora por ser uma conhecedora do “bel canto” italiano, que abarca a tradição vocal, técnica e de interpretação da ópera italiana dos séculos 17 e 18, que teve seu apogeu no século 19.

Cecília cita a escritora Simone de Beauvoir (1908-1986) para explicar como se tornou artista. “Segundo ela, você não nasce mulher, você se torna mulher. Fui parodiando ela às avessas; acho que você não se torna artista, você nasce artista. Eu sempre fui artista. Meu professor de dança dizia que eu era uma artista por todos os poros. Sempre interpretei papéis dramáticos na dança e no teatro. Talvez pelo excesso de sensibilidade e de necessidade de expressão que tenho desde pequena.”

Inglês e francês sempre estiveram presentes na vida de Cecília que estudou as duas línguas desde criança, com afinco. “Adoro!”

A compositora e cantora Cecília Leite e o violonista Tadeu Ramos gravando, com exclusividade, para o Música em Letras (Foto: Carlos Bozzo Junior)
A compositora e cantora Cecília Leite e o violonista Tadeu Ramos gravando, com exclusividade, para o Música em Letras (Foto: Carlos Bozzo Junior)

IDAS E VINDAS

Com 16 anos, Cecília prestou vestibular para arquitetura no Rio de Janeiro. Entrou em primeiro lugar na faculdade, mas o namorado que a fez enveredar pelo caminho da MPB se fez muito ausente, e ela resolveu voltar para São Luís seis meses depois, a fim de tê-lo ao seu lado. “Nesse tempo da faculdade de arquitetura, aprendi a desenhar e isso me ajudou bastante, porque sou eu quem desenha meus vestidos para os shows. Fiz também um curso de desenho artístico no Rio de Janeiro.”

A moça voltou para casa. Contudo, o amor não foi suficiente para acomodá-la. “Ele era lindo, parecia um príncipe, com olhos verdes. Voltei, mas logo comecei a estudar novamente e cursei três faculdades, comunicação, letras e direito.”

Formada em comunicação e em letras, Cecília abandonou o curso de direito. “Meus pais queriam que eu fizesse direito, entrei só para mostrar para eles que passava. Passei, cursei três semestres e saí, porque não gostei”, contou a artista.

Ao terminar os cursos, Cecília mudou-se para Gainesville, Flórida, nos Estados Unidos, para cursar pós-graduação, adquirindo uma especialização, em rádio e televisão, além de frequentar um curso teórico de música. “Estudava reportagem, produção e direção para TV e trabalhava como repórter na rede de TV da universidade. Era obrigatório, fazia parte do programa trabalhar na parte da manhã nessa TV.
Três dias por semana, eu era repórter e nos outros dois, cinegrafista das matérias que realizávamos pela cidade.

A cantora e jornalista Cecília Leite e o instrumentista Tadeu Ramos (Foto: Carlos Bozzo Junior)
A cantora e jornalista Cecília Leite e o instrumentista Tadeu Ramos (Foto: Carlos Bozzo Junior)

Entretanto, Cecília nunca pensou em fazer TV, queria escrever. “Achava que a TV era um veículo superficial, por isso cursei letras. Queria ser jornalista de grandes jornais, mas logo que entrei na faculdade de comunicação, falaram que havia aberto vaga para a TV local. Fui, fiz o teste e passei. Desde o primeiro semestre da faculdade, já estava na TV. Ao me formar já tinha quatro anos de experiência. Daí, fiz carreira na TV, apresentei os telejornais “Bom Dia Maranhão”, o do meio-dia, o das sete da noite e o “Ação em Cena”, um programa de arte, cultura e entretenimento de grande sucesso”, disse a apresentadora que esteve à frente do programa da TV Mirante, afiliada da rede Globo no Maranhão, durante três anos.

Nesses tempos, Cecília cantava em casa, no banheiro, no carro, na rua, em todos os lugares. “Cantava porque, além de gostar, sabia muita música. Meu HD era lotado de música. Sempre entrevistava artistas e depois os recebia em minha casa, em luaus em que eu acabava cantando”, falou a cantora que morava em São Luís diante da baía de São Marcos.

Quando retornou dos Estados Unidos, Cecília prestou e passou, em primeiro lugar, no concurso para professor na UFMA (Universidade Federal do Maranhão). Cecília passou a dar aulas, enquanto apresentava jornais na TV e ainda frequentava cursos de teatro, dança e canto durante um período de cinco anos.

Tudo parou quando Cecília foi trabalhar na GloboNews, no Rio de Janeiro. “No Maranhão eu já tinha chegado onde queria. Não havia mais para onde ir. Cheguei no Rio com muita prática, porque o ‘Ação em Cena’ era um programa que eu apresentava, dirigia e produzia”, contou a jornalista que acabou sendo indicada pela diretoria de sua emissora para uma vaga na GloboNews. Depois de um ano como repórter sênior da emissora, transferiu-se para a TV Globo onde permaneceu por quatro anos.

Ainda em seus tempos de GloboNews, Cecília quis se desvincular da imagem de apresentadora e passou a fazer o que realmente gostava: cantar. Entrou para uma banda de jazz em Niterói e passou a ensaiar três vezes por semana. “Ensaiamos muito, durante um ano, mas não fazíamos show”, falou rindo a artista que nessa ocasião aprendeu um repertório de jazz e aumentou o que já tinha de bossa-nova.

ESTREIA NO BECO DAS GARRAFAS

Um dia, tudo mudou. Enquanto fazia uma matéria no Beco das Garrafas, foi convidada para se apresentar no local. Contudo, não optou pelo jazz e se apresentou, em um show idealizado por ela, cantando bossa-nova, acompanhada por três músicos, além do diretor musical Alberto Luiz Farah (1948-2009), maestro de Elza Soares e de outros nomes da MPB. “Ganhei cachê sim, mas não lembro quanto. Lembro que tive que pagar os músicos e não sobrou muita coisa. O importante é que considero essa a primeira vez que cantei para o público”, disse a cantora que apresentou no show muito samba de raiz e MPB, mas com lugar para dois standards: “The Man I Love”, música de George Gershwin (1898-1937) e letra de seu irmão mais novo, Ira Gershwin (1896-1983), e “Summertime”, de George Gershwin. Entre as músicas brasileiras, algumas de Cartola (1908-1080), Noel Rosa (1910-1937), Edu Lobo e de Chico Buarque. “Sempre amei e amo as músicas do Chico. Sempre canto músicas dele.”

Em 1989, após a estreia no Rio de Janeiro, a artista voltou com a lição de casa feita, para mostrá-la no chão da terra natal. Lotou o Teatro Arthur Azevedo, na capital maranhense. “Como era muito conhecida lá, acho que as pessoas foram por curiosidade, pensando: ‘Essa doida vai querer cantar agora, por que, né?’ e lotaram os 800 lugares do teatro. Viram que era legal e recebi críticas lindas dos maiores críticos e poetas maranhenses.”

Cecília passou a se apresentar em pequenos shows no Rio de Janeiro. Entre eles, um com o compositor e cantor Nonato Buzar (1932- 2014), autor com Chico Anysio (1931-2012) de “Rio Antigo”. Os amigos da Globo compareciam às apresentações, gostavam e não deixavam de incentivá-la. Cecília pegou gosto pela brincadeira e ao entrevistar o compositor Chico Buarque, na ocasião do lançamento do CD “Cidades” (1998), entregou-lhe uma demo de seu próprio CD, cantando apenas composições de Chico. “Aí ele me ligou e falou; ‘Que lindo! O que você está fazendo no jornalismo? Vem cantar menina’. Aí, eu respondi que só iria cantar se ele gravasse comigo. Ele disse: ‘Você está falando sério? Eu gravo’. Aí, calhou de eu sair da Globo, em 2011, por problemas pessoais e resolvi cantar.”

Capa do primeiro CD da artista (Foto: Carlos Bozzo Junior)
Capa do primeiro CD da artista (Foto: Carlos Bozzo Junior)

CD “CECÍLIA LEITE” (2005)

Com a participação dos pianistas e arranjadores Benjamim Taubkin e Leandro Braga, entre outros músicos, o primeiro CD de Cecília, que leva seu nome, mostra suas possibilidades como intérprete. Com uma extensão de voz grande e por conta do jazz, da bossa nova e de alguns ritmos do maranhão (tambor de crioula, algumas batidas dos blocos tradicionais e samba) a artista atinge seu objetivo.

No CD, Cecília mostra versatilidade, técnica e emoção transitando confortável por composições de autores tradicionais do Maranhão como Antônio Vieira e Pedro Giusti, por meio do samba “Na Cabecinha da Dora”, passando por Bruno Batista, da safra mais nova, que hoje já conta com cinco discos. De Batista, Cecília gravou “Já Me Basta” e “Aço”. Do incentivador Chico Buarque, gravou três: “Dis-moi comment”, versão francesa do próprio Chico de “Eu Te Amo”, e do compositor com Tom Jobim (1927-1994); “Choro Bandido”, de ambos; e “A Mais Bonita”, dele. Ainda há “Soy Loco por ti, América”, de Gilberto Gil e Capinan.

“Esse disco é mais eclético para mostrar o que eu poderia fazer em termos de interpretação e traz os ritmos do maranhão que estão no meu sangue, mostrando um leque maior de possibilidades.”

Capa do segundo CD da artista (Foto: Carlos Bozzo Junior)
Capa do segundo CD da artista (Foto: Carlos Bozzo Junior)

CD “ENQUANTO A CHUVA PASSA” (2016)

Segundo Cecília, as pessoas perguntam o porquê da “lacuna”, entre o primeiro CD e este, ao que responde: “Não foi uma lacuna. Foi um preenchimento. Para mim foi um amadurecimento. Uma obra de arte nasce quando ela é necessária. Há uma necessidade de parir uma obra. Este disco nasceu de uma necessidade interna de me expressar; ele nasceu porque eu amadureci como mulher, artista, compositora e cantora. O Chico Buarque e o Zeca Baleiro elogiaram minha composição, que leva o nome do disco. Por isso passei a escrever mais”, disse a compositora que levou três meses para produzir o disco, que estava “gestado” nela durante um ano.

O conceito do disco está na água como elemento principal, para remeter ao que flui. “Entre os quatro elementos, a água representa o feminino. Senti uma necessidade muito grande de expressar minha feminilidade. Mostrando o lado que acolhe, que sente, que ama e que flui. Neste disco, falo muito de relacionamentos, com letras que expressam a subjetividade”, falou a artista que, entre as 12 faixas do CD, interpreta “Tem Dó”, de Paulo Monarco e Zeca Baleiro. “Arrastada”, da sergipana Patrícia Polayne, traz um samba de coco com uma pegada oriental; “Ainda Mais”, de Eduardo Gudin e Paulinho da Viola, entrou no disco porque Cecília a escolheu imediatamente após escutá-la; “Enquanto a Chuva Passa”, da cantora, tem inspiração própria, é uma canção autobiográfica. “Essa música fala que quando passar a chuva, que todos temos dentro de nós com trovoadas, raios e ventos fortes, a terra volta a ficar fértil e assim pode germinar um outro amor.”

Outra bela música do disco é “Maré Cheia”, de Bruno Batista. “Essa é mais uma música que fala de água e é bem para cima; o Bruno me mostrou e adorei.” De Pedro Luís e Lula Queiroga, a artista gravou a sensual e calma “Noite Severina”. “De Todas as Maneiras”, de Chico Buarque também está no repertório. Segundo a artista, o Chico é o compositor que a traduz melhor. “Sempre vou gravar músicas dele em meus discos. Penso até em fazer um disco só com músicas dele. Modéstia à parte, acho que consigo colocar minha emoção a serviço de suas canções de uma maneira muito verdadeira.”

O CD conta com músicos excelentes. Entre eles, Marcos Suzano (percussão e arranjos); Lui Coimbra (celo e arranjos); Marcos Nimrichter (piano e arranjos); Edu Neves (flauta e sax); e Luis Filipe de Lima, que estraçalha com seu violão de sete cordas.

À VONTADE NOS PALCOS

Cecília se considera uma cantora de palco. Gosta de teatro e de fazer show. Vai cerca de três vezes por ano para a França, onde se apresenta com músicos locais em casas de jazz. “Tenho uma galera que toca comigo. Levo só partituras, não levo músicos daqui. Geralmente faço os shows com um quarteto formado por piano, ‘percuteria’ [híbrido de percussão e bateria], baixo e um sopro”, disse a cantora que se apresenta regularmente em casas parisienses como a Blue Note, Le Petit Journal e no Satellit Café, entre outras.

A cantora está habituada à rotina de preparação dos shows. “Quando penso em um espetáculo, penso nele inteiro, na luz, nas músicas, nos músicos, no cenário, na movimentação cênica, no figurino, em tudo. Sou produtora de mim mesma. Ganho pouco, porque as produções são muito caras, mas trabalho muito. Pago todo mundo muito bem, os músicos e todo ‘entourage’”.

No show do lançamento do disco está garantida a presença de Lui Coimbra (cello e diretor musical); Jair Torres (violão elétrico, baixo e direção musical); Rui Mario (piano e acordeon); Marcio Bezzera (flauta, sax e oboé); além de Darc Brandão e Marquinho Carcará, ambos percussionistas maranhenses que darão molho ao som do repertório que inclui músicas que não estão no disco. Entre elas, “Nós”, de Tião Carvalho, “Rosa dos ventos”, de Chico Buarque, e “Na Primeira Manhã”, de Alceu Valença.

Todas as músicas do espetáculo falam ao coração, e se não o purifica, lavam a alma.

Assista aos vídeos a seguir.

CD ENQUANTO A CHUVA PASSA
ARTISTA Cecília Leite
GRAVADORA Independente
QUANTO R$ 25

SHOW ENQUANTO A CHUVA PASSA
ARTISTA Cecília Leite
QUANDO Hoje (24), 21h
ONDE Teatro Augusta, r.Augusta, 943, tel.(11) 3151-4141, Cerqueira Cesar – SP
QUANTO Troque um livro infantojuvenil por um ingresso, diretamente na bilheteria do teatro