O silêncio está entre nós

Carlos Bozzo Junior
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(Fotomontagem: Carlos Bozzo Junior)

A multa por ruído gerado em imóveis comerciais na cidade de São Paulo poderá ser reduzida de R$ 34,5 mil para R$ 8 mil, de acordo com a nova lei de zoneamento, que está sendo votada hoje (25) pelos vereadores da Câmara paulistana.

Os maiores ruídos provêm da tecnologia, aliados a uma mudança constante de hábitos e costumes da humanidade.
Entre eles, por exemplo, o irritante e desnecessário som de monitores de TVs que, a cada dia mais potentes, veiculam aos gritos de apresentadores, locutores, atores e o escambau- eles esquecem que usam microfones- informações a esmo.

Estabelecido como uma praga de proporções bíblicas, a presença de monitores por todos os lados assola, entre outros locais, lojas, bares, aeroportos, rodoviárias, restaurantes, elevadores, ônibus, casas e apartamentos, muitas vezes permanecendo por horas a fio sem audiência, mas sempre fantasgoricamente ligados.

Esqueça a energia elétrica que se esvai. Afinal, mesmo sendo um absurdo, poucos parecem ligar para isso. Os que se preocupam são seres geralmente mais espertos do que os esbanjadores, pois, além de compreenderem a importância da energia, costumam apresentar maneiras simples e fáceis de como poupá-la.

É gente que não teme desafio para uma vida melhor, com mais qualidade. Diante de um problema tal como transportar água em coador, responde: “Congelando-a”. Quanto às “TVs fantasmas”, diriam: “Desligando-as”. Simples assim.

A mudança da lei de zoneamento determinará o que pode ser construído e que tipo de atividade pode existir nas ruas de São Paulo. Que tal se a população, aproveitando o ensejo, atuasse com bom senso? Isso ajudaria e muito. Como? Simples, novamente. Adote essas dicas do Música em Letras.

Fale baixo, isso vale também para quando você usar o celular, principalmente em público; buzine só quando extremamente necessário; ouça música para você; eduque seus animais (cães, gatos e pássaros) a não reagirem a qualquer estímulo latindo, miando ou piando à toa; não arraste móveis, levante-os; não bata portas ou portões; mantenha sob controle alarmes, para desabilitá-los assim que soarem.

Enfim, há uma lista quase que infinda de ações que podemos realizar contribuindo com a melhoria do som e do humor da cidade.

Saber urbanizar vai muito além de se respeitar apenas o local de funcionamento, assim como a atividade de um estabelecimento comercial. Para isso, existe preestabelecido um horário de silêncio. É só respeitá-lo.

Saber urbanizar é fazer sua parte, em silêncio.