Cento e trinta bateristas tocando juntos. Inferno ou paraíso?

Carlos Bozzo Junior
O baterista Marcos Antonio Nogueira Passeggio tocando na Orquestra de Bateristas. (Foto: Divulgação)
O baterista Marcos Antonio Nogueira Passeggio tocando na Orquestra de Bateristas. (Foto: Divulgação)

Acontece domingo (22), em Florianópolis, das 15h às 17h, a terceira edição do evento que reúne vários bateristas para tocarem rock. Desta vez, são 130 músicos inscritos para integrarem a já famosa Orquestra de Baterias.

Certamente, há quem defina o acontecimento como o próprio inferno e outros, como o paraíso. Na dúvida, e talvez por isso, o evento rola na frente da Catedral Metropolitana da cidade.

O Música em Letras entrevistou Marcos Antonio Nogueira Passeggio, 52, paulistano que reside há 16 anos na ilha e se tornou desde a primeira edição do evento um dos participantes mais entusiastas da festa, que desta vez fará soar músicas dos Ramones, Beatles, Nazareth e Dazaranha.

A primeira “barulhada”, ou concerto, foi realizado em 2013, com cerca de 30 bateras; o segundo evento, em 2014, contou com mais de cinqüenta músicos; agora, são mais de cem. Isso prova que o evento está crescendo e tomando volume.

Segundo Passeggio, o repertório dessa edição foi votado entre todos os participantes, em enquete na página do grupo no Facebook. O resultado foi “Blitzkrieg Bop”, dos The Ramones; “Eye of the Tiger”, dos Survivor; “Come Together”, dos The Beatles; “Hair of the Dog”, do Nazareth; e “Vagabundo Confesso”, da banda catarinense Dazaranha.

O baterista disse que “não tem ensaio nem passagem de som. O pessoal ensaia em casa. Os mentores do evento, são músicos profissionais, postam vídeos explicando as passagens mais difíceis, e por aí vai”. Os bateras começam a aparecer duas horas antes no local do evento, para montagem dos instrumentos, e começam timidamente o aquecimento. “Um começa puxando um roquezinho básicão e os outros vão acompanhando, e se aquecendo”, falou Passeggio.

Entretanto, os bateras não estão sós. Na escadaria da catedral há uma banda com mais dois bateristas, guitarras, baixo, teclado, e o vocalista, que faz as vezes de mestre de cerimônias e agita a galera.Todos músicos profissionais. A cada ano tem um convidado especial. Neste, a participação do guitarrista Chico Martins da banda catarinense Dazaranha, que toca com a turma toda durante cerca de uma hora e meia, está confirmada.

A Orquestra de Baterias passa perto, mas ainda não pode ser qualificada como uma orquestra de piratas, ou seja, só de homens. Segundo Passeggio, “cerca de 10% dos integrantes são mulheres e este número está aumentando a cada edição”.

Tanta gente reunida não tem como não “dar na trave” e não atravessar o ritmo. “São bateristas de todos os níveis, desde crianças muito pequenas (de 3 a 10 anos), até os coroas enferrujados como eu. Vários estão iniciando, e veem no espetáculo uma oportunidade de destravarem, de perderem o medo, pois para muitos é a primeira chance de tocar ao vivo”, falou o baterista, acrescentando que “o som da massa é uniforme, pois se uns poucos atravessam aqui ou ali, não se percebe no geral”.

Para o músico, o mais legal é ser um evento familiar. “É feito por abnegados, sem praticamente ajuda nenhuma, que amam o que fazem e proporcionam, pelo menos uma vez por ano, um dia de extrema felicidade. As famílias participam na plateia, ajudam os bateras na montagem, tiram fotos, celebram a energia presente naquele momento. É indescritível, beira o êxtase”, falou.

Contudo, prepare seus ouvidos. Passeggio, além de baterista, é um expert em aparelhos de som para audiófilos. Comercializando-os, ganha a vida. É ele quem diz sobre o som da bagaça: “É volume de como o rock deve ser tocado e ouvido. Alto. Bem alto!”

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