Vai tocar bem assim lá na Croácia…

Carlos Bozzo Junior

Imagine Brazil é uma competição musical, internacional, destinada a jovens do Estado de São Paulo, que contempla quem ganhar, entre outros prêmios, com uma viagem para a Croácia, em 2016.

O Música em Letras entrevistou Alessandra Costa, 42, diretora executiva da AAPG (Associação dos Amigos do Projeto Guri), produtora do evento, em sua sala, na sede do PG (Projeto Guri), em São Paulo, que explicou mais sobre a competição musical. Leia a seguir.

Alessandra Costa, diretora executiva da AAPG (Associação dos Amigos do Projeto Guri) em sua sala, na sede do projeto (Foto: Carlos Bozzo Junior)
Alessandra Costa, diretora executiva da AAPG (Associação dos Amigos do Projeto Guri) em sua sala, na sede do projeto (Foto: Carlos Bozzo Junior)

Há 8 anos, Costa ocupa o cargo no PG, que atingiu maioridade há dois anos. Há 20, o projeto atende anualmente 50 mil alunos de música, entre seis a 18 anos, sendo 15 mil na capital e 35 mil no interior. A pré-seleção dos inscritos para o Imagine Brazil é feita por uma equipe do PG. Serão selecionados 10 candidatos para cada semifinal. Fazem parte da equipe selecionadora músicos com formação acadêmica e prática, do universo erudito e popular. Rafael Y Castro, formado pela UNESP (Universidade Estadual Paulista), responsável pelo naipe de percussão do PG; a cantora Mariana Furquim; a violinista Helen Valadares; e o músico Leandro Francisco de Sá, além de Costa, que mesmo sem formação musical integra o grupo.“Quando criança toquei piano e violão. Frequentei conservatório, mas não levei adiante”, disse Costa.

Apesar de não ter formação musical, Costa trabalha com música há muito tempo. Foi coordenadora de programação da Galeria Olido e também trabalhou na primeira Virada Cultural de São Paulo, entre outros projetos.“Conheço bastante do panorama musical da cidade”, afirmou, acrescentando que “às vezes, tenho vontade de retomar meus estudos musicais, mas para minha função nem seria imprescindível. Temos uma diretoria educacional, na qual todos são músicos instrumentistas, educadores musicais ou ambos”, disse ela, que foi atriz, durante quase 20 anos, sete na Companhia do Latão, de teatro, onde compunha e cantava.

INSCRIÇÕES

O material a ser selecionado pela equipe para o Imagine Brazil chega pelo site da competição (http://br.imaginefestival.net/), destinada a músicos com idade entre 13 e 21 anos. O candidato pode se inscrever como solista ou com um grupo, de até 8 pessoas. O juri não será composto pelos mesmos integrantes da equipe selecionadora, mas por cinco outros músicos.“Não divulgamos os jurados porque temos que seguir as regras impostas. Não pode haver uma exposição dessas pessoas como ocorre em reality shows como ‘The Voice’ ou ‘American Idol’ ”, explicou Costa, afirmando não haver anonimato, mas um cuidado em preservar esses nomes. Entretanto, revela um deles: Per Ekhedal , regente de coral há mais de 30 anos e presidente do juri. Ekhedal também é representante e presidente honorário da JMI (Jeunesses Musicales International), ONG que promove a competição pelo mundo. No Brasil, é a primeira vez que ela acontece. Costa não soube precisar qual o número desta edição do evento, mas afirma que “eles começaram há uns 20 anos, na Suécia. É um festival bem antigo”. França, Bélgica, Zimbábue, Noruega e Suécia são alguns dos países que sediaram a competição.
Pelo trabalho nas cinco semifinais e na final, cada integrante do juri receberá, no total, R$ 6.400. “Optamos por fazer uma pré-seleção, para otimizarmos o trabalho deles”, falou Costa.

Pelo fato de as inscrições ainda não serem muitas (cerca de 70), houve uma prorrogação da data de encerramento para o dia 30 de março.“Talvez, por ser a primeira vez, tivemos um movimento um pouco aquém do que esperávamos”, falou Costa, revelando que as pessoas estão encontrando um pouco de dificuldade para se inscreverem pelo site. “Na hora de produzirem e subirem os arquivos, entenderem o que é a ficha de inscrição e cadastro, elas estão tendo dificuldades”, disse afirmando que tem recebido muitas perguntas com dúvidas que não estão relacionadas ao site. “Não há problemas técnicos no site. O problema está em as pessoas entenderem o procedimento para realizarem a inscrição.”

PRÊMIOS

A fabricante de instrumentos e equipamentos musicais Yamaha disponibilizará ao ganhador itens no valor entre R$ 2 mil a R$ 3 mil. Além deste prêmio, haverá a gravação de um EP (extended play) para o primeiro e segundo lugares. “Será em um estúdio da Fábrica de Cultura, provavelmente o do Jardim São Luiz”, disse Costa. A JMI, junto à organização do país que sediará a competição, no caso a Croácia, vai disponibilizar ao vencedor brasileiro um plano de negócios, gravação das músicas e consultoria para o desenvolvimento de carreira.

Contudo, haverá um grande espaço de tempo entre a final brasileira e a internacional. A brasileira acontece em 4 de julho deste ano, e a internacional, na Croácia, em 2016. Cerca de um ano e meio depois de termos o vencedor brasileiro. As regras são as mesmas, valem para o Brasil e para os participantes internacionais. Entre elas, não é permitida a troca de mais de 50% da banda, ou de seu líder. Como fazer se a banda se desmanchar durante este período? “Estamos organizando atividades para que se mantenha a formação da banda. Teremos apresentações e workshops para que o grupo não se desfaça. Por termos vários estilos musicais envolvidos e não sabermos qual será o eleito, estamos pensando em temas mais abrangentes como performance no palco, mídia digital e produção, entre outros, para prepararmos a banda vencedora para a grande final na Croácia.”

A competição está sendo feita inteiramente com verbas disponibilizadas por meio da lei de incentivo fiscal PROAC (Programa de Ação Cultural), com o apoio e patrocínio de empresas privadas, totalizando R$ 460 mil. Deste total, serão utilizadas verbas destinadas a alimentação dos candidatos e deslocamento para chegarem até o local de apresentação, pois nem todos moram na mesma cidade onde acontecem o evento.

AVALIAÇÃO

Dos candidatos serão avaliadas suas qualidades musicais, originalidade, preparação adequada, desempenho, capacidade de comunicação e presença de palco. Isto tudo pesará na escolha do primeiro colocado. Tarefa difícil, já que a competição contempla gêneros musicais distintos. Entre eles, rock, jazz, hip hop, sertanejo, rap, música erudita, gospel, reggae e samba.

Seria a escolha de um só participante justa? Não haveria o risco de se inferiorizar talentos em meio a tanta diversidade? “Não acho isto de forma nenhuma. Este é o princípio de uma competição. Todos os que chegarem até a final receberão workshops e atividades de formação. O próprio conceito do festival é que todos tenham esses benefícios, para não acirrar muito o aspecto do vencer por vencer. Por outro lado, isso é uma realidade do universo musical. Se você prestar um concurso para entrar em uma orquestra, vai ter alguém que se colocou melhor e outros que não se colocaram tão bem. Isso não é uma depreciação ou uma coisa negativa. Em alguns momentos da carreira, da formação musical das pessoas, elas podem se deparar com situações de competição. Isto não é ruim, prejudicial, nem desestimulante. É uma preparação para quem quer se profissionalizar no universo musical. Quem acha o contrário, sequer se inscreve na competição”, disse Costa.

Assista no vídeo abaixo o convite feito por Alessandra Costa.